Um som estridente ecoa no
ar.
Respirações ritmadas e
braços fortes.
Corpos formam uma teia de
produção.
O carvão é posto embaixo.
O metal escorre por cima.
Velocidade e vozes
ofegantes.
A mãos estão marcadas.
O corpo está marcado.
Acorda-se cedo.
Come-se pouco.
Aguenta-se muito.
Vende o corpo, vende a
força.
Pela manhã veste o
uniforme e sai.
Tira de um lugar, coloca
em outro.
Tira de um lugar, coloca
em outro.
Aperta, solda, pinta,
esfrega.
O que resta?
Na volta come? Talvez,
as coisas andam muito
caras.
Dá o que tem pras
crianças.
Pra eles tem mais valia.
Numa fatídica manhã.
A rotina seguia sem
mácula.
Homens e mulheres
encobertos por graxa.
Destinos seguiam o rumo do
mercado.
Era a tese quase perpetuada.
Só que, num átimo de
segundo,
as respirações cessaram,
as bocas se emudeceram.
Um brilho surge iluminando
o espaço.
Uma faca suga todas as
forças. Vácuo.
Um braço se ergue
estendendo uma flâmula ensanguentada.
É vermelha, pinga no chão.
O operário cortou os
pulsos.
E agora se convulsa em
meio ao estático.
Eis a antítese vibrante.
Na outra mão,
o trabalhador suicida
trazia algo.
Mexia-se com agilidade.
Uma pomba branca
solta antes do último
suspiro.
Revolução.
José
Eduardo Adami – 1º Direito (noturno)
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