Somos cada vez mais dominados pela força onipresente
do mercado. Marx e Engels já diziam, há séculos, que o mercado domina a vida e
também domina a morte. Os meios de produção seriam a base da sociedade capitalista;
a chamada infraestrutura e tudo acima seria comandado por ele (como o direito,
forma de manutenção da ordem). É interessante perceber como a teoria de Marx
continua atual, pois a própria constituição federal do Brasil apresenta artigos
que garantem a proteção do livre mercado e da propriedade privada, demonstrando
como o próprio Direito não é um mecanismo revolucionário até hoje; mas um
mecanismo para se manter o status quo.
O mercado, além de explorar, acaba por ditar as
relações sociais e o que é ‘’inútil’’ e o que é ‘’necessário’’. Hoje, para o
mercado, o ‘’necessário’’ seria a troca constante de produtos que você não
precisa; como celulares mais ‘’tops’’, que são incentivados através da obsolência
programada. A forma mais forte em que se
expressa a exploração pelo mercado é a mais-valia; captação do excedente de
trabalho em forma de lucro. Penso que, na atualidade, o mais-valia aparece de
outras formas além das formas clássicas descritas por Marx. No site Youtube, por exemplo, há pessoas que
conseguem seu sustento pela criação de entretenimento audiovisual e pela
retenção da atenção do público. Ora, se considerarmos o ‘’youtuber’’ como o
patrão, e o espectador como um ‘’trabalhador’’, e considerando que a renda
desse youtuber provém do tempo em que ele é assistido (tempo de trabalho desses
‘’trabalhadores’’), então se esse youtuber
conseguir fazer o espectador assistir seus vídeos por mais tempo utilizando-se
de táticas que careçam de um esforço adicional muito grande por parte do patrão (youtuber) , ele estaria
praticando uma espécie de mais-valia , lucrando através do tempo a mais assistido
(‘’trabalhado’’) pelos seus ‘’trabalhadores’’. Ainda é chocante perceber o
quanto o próprio sistema do youtube se assemelha ao capitalismo industrial da
época de Marx, pois em um canal de vídeos podem haver milhões de seguidores que
são vistos, pela maioria dos criadores de conteúdo (‘’patrões’’), como apenas ‘’um
número’’, uma massa de manobra, que possui uma única finalidade: a arrecadação
de renda para o patrão/youtuber. Isso vale também para várias outras formas de
entretenimento; como o rádio e a televisão. O mercado pode até mudar a forma
como é vista as relações sociais e de trabalho, mas a base exploratória
continua a mesma.
Dessa forma, a teoria de Marx mesmo feita há séculos,
ainda se encontra em toda parte em nosso cotidiano, quer nós percebamos ou não.
Provavelmente Marx, se estivesse vivo hoje, mudaria muito pouco de sua teoria e
de sua análise histórica. As tecnologias evoluem, as ciências avançam, mas o
mercado, o lucro e as relações de dominação continuam e sempre continuarão
supremos enquanto o sistema adotado for o capitalismo.
André Luís de Souza Júnior - 1º Ano Direito Noturno UNESP
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