A primeira
semana de agosto de 2015 em nossa querida terra
brasilis não deve deixar de prescindir da análise weberiana. Disponho,
pois, nas seguintes linhas, o que parece, a meu ver, mais relevante e
necessário para que se execute uma investigação sociológica compreensiva acerca das recentes
atitudes de um dos personagens políticos do Poder Legislativo brasileiro.
Finalizo com meu parecer, munido da perspectiva weberiana.
O panorama: a gestão Rousseff - cuja última
preocupação, a essa altura do campeonato, é a construção de um projeto político
consistente para o Brasil - agoniza em meio aos sucessivos golpes aplicados por
setores oposicionistas (e sim, oportunistas!), tendo em vista o acirramento da
disputa presidencial no último processo eleitoral e a descoberta dos esquemas
de corrupção chefiados por integrantes do governo, através da operação
Lava-Jato. Não são escassas as articulações com vistas ao impedimento da
presidente reeleita no ano passado. Uma das opções que poderiam dar execução a
tal processo em termos legais seria a acusação de Dilma por crime de responsabilidade
fiscal, baseando-se na aprovação parlamentar da rejeição das contas do governo
Rousseff pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O ator social e sua ação dotada de sentido: Eduardo Cunha,
que além de presidente da Câmara é, na visão daquele que vos escreve, um
estrategista político da mais alta estirpe, levou a cabo, na Câmara dos
Deputados e em breve espaço de tempo (curtíssimo, diga-se de passagem), a
votação dos pareceres do TCU acerca das finanças dos governos Itamar Franco,
FHC e Lula - para dar nome aos bois. Segundo reportagem da edição brasileira
online do jornal El Pais (disponibilizo o link abaixo), Cunha alegara a
jornalistas que tal procedimento consistiu simplesmente na regularização de
determinados assuntos de governo pendentes há quinze anos.
Ainda que o
presidente da Câmara tenha assegurado à imprensa uma suposta neutralidade em
sua conduta, imprimindo a ela um sentido aparente de responsabilidade
profissional, é impossível ignorar, na análise sociológica, o panorama e as circunstâncias
nos quais sua ação fora empreendida. De fato, considerando a importância
substancial das consequências de sua ação política na possibilidade de
responsabilização criminal da presidente Dilma no contexto da iminência de um
processo de impeachment, é mais
plausível e procedente compreender os atos de Eduardo Cunha como dotados de um
sentido político, não meramente técnico, no intento de adiantar o fim do
mandato presidencial de Rousseff.
Reportagem do El Pais supramencionada: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/07/politica/1438899895_789282.html?rel=rosEP
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