No dia 7 de janeiro de 2015,
fundamentalistas islâmicos invadiram o jornal francês Charlie Hebdo, na capital
Paris, e mataram 12 pessoas. Os
responsáveis pelo ataque queriam se “vingar” de autores de charges que faziam
piada com o profeta Maomé, mensageiro de Deus para o islamismo.
Devido
a esse atentado, as ruas de cidades do mundo inteiro foram invadidas por
milhares de pessoas, que exigiam liberdade de expressão e imprensa. Entretanto,
apesar de válidas as reivindicações, é preciso ir mais a fundo para entender as
implicações desse trágico acontecimento.
Segundo
Max Weber, o conhecimento deve ter caráter universal, “do modo que um chinês (...) deva
reconhecer a validade de um certo ordenamento conceitual da realidade empírica”.
No entanto, o que ocorre é a imposição de um “racionalismo ocidental” que nem
sempre respeita o relativismo cultural de outros povos que habitam esse
planeta, entre eles, os povos islâmicos.
Apesar de não ser proibida pelo
Corão, a intolerância à representação de Maomé tem origem histórica, no
episódio em que o profeta destrói, em Meca, os ídolos celebrados em na Caaba.
Essa tendência de não representar seu profeta evidencia um forte respeito pelo
sua figura.
Ao publicar charges mostrando a
figura de Maomé, o Charlie Hebdo não considerou os valores dos mulçumanos,
apenas os valores do cristianismo, no qual não existem grandes problemas em
representar a figura de Jesus Cristo. As publicações foram recebidas por aquele
grupo como uma grande afronta e, dessa forma, “o profeta deveria ser vingado”.
Seria dessa forma que Max Weber, na sua “sociologia compreensiva” interpretaria
esse acontecimento.
A teoria weberiana também afirma
que, a atitude do jornal poderia tomar diversos caminhos na grande e densa rede
das ações sociais: as ações sociais que se entrecruzassem com as do jornal
causariam reconhecimento, as que não se cruzassem, resultaria em uma atitude de
“não reconhecimento”. Os grupos islâmicos não reconheceram aquela ação, e,
portanto, reagiram de forma a exaltar seu descontentamento.
É claro que o atentado ao jornal
Charlie Hebdo foi uma grande tragédia e que de forma alguma pode ser
justificado, mesmo pelo o que foi exposto acima. Entretanto, esse fato deve ser
interpretado de várias maneiras, e não apenas pelo ponto de vista ocidental,
mas também levando em consideração os valores daqueles que se sentiram
ofendidos.
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