Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 9 de agosto de 2015
Poderia o Bitcoin melhorar a sociedade em que vivemos?
Assim que Satoshi Nakamoto publicou um artigo descrevendo a sua criação no longínquo ano de 2008 — era um sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer (ponto a ponto, em tradução literal) —, poucos foram os que lhe deram atenção. Nem mesmo os especialistas em criptografia acreditavam que o projeto tinha alguma chance de sucesso.
A ideia de um dinheiro digital não era novidade; alguns já haviam tentado desenvolver uma moeda para a era da internet, mas nenhuma iniciativa tinha conseguido decolar.
Há aproximadamente seis anos atrás, quando a rede começou a ser construída por um pequeno grupo de programadores voluntários, ninguém poderia imaginar que hoje o Bitcoin alcançaria o status de maior projeto de computação compartilhada do planeta, com força computacional que supera em 200 vezes a capacidade dos 500 supercomputadores mais potentes somados.
O que antes parecia apenas ilusão de um ambicioso projeto de computação hoje é a realidade. Atualmente, a moeda digital inspira soluções criativas para os problemas econômicos da Grécia. Embora o Bitcoin não seja uma solução aos apuros fiscais do governo do país, o Bitcoin vem servindo como refúgio genuíno para o povo grego, impossibilitado de transferir dinheiro ao exterior e refém de um possível confisco ou retorno ao antigo dracma.
Hoje, empresas do calibre de Dell e Microsoft aceitam bitcoins como forma de pagamento. Consultorias como a Deloitte testam a utilização do blockchain — o grande "livro-contábil" do Bitcoin — para processos de auditoria. O governo de Honduras estuda um projeto-piloto para registrar a titularidade de terras no blockchain.
Mas afinal, o que é essa tecnologia exatamente? Na sua essência, o Bitcoin é uma descoberta revolucionária, contudo, ele não passa de um simples protocolo, um conjunto de regras pelas quais se comunicam computadores conectados à rede peer-to-peer (ponto a ponto) do sistema. Não há um servidor centralizado, monitorando o cumprimento das normas. Isso acaba por incentivar um comportamento honesto, uma vez que todos são monitorados por todos. Essa sensação de confiança e de segurança são alcançadas de forma descentralizada, graças ao uso engenhoso da criptografia moderna, e sem que seja necessário conhecer a identidade dos participantes.
As ações sociais de todos os indivíduos em conjunto, constroem a base dessa moeda. As relações peer-to-peer (ponto a ponto) entre aqueles indivíduos acabam por criar uma espécie de cultura honesta, onde há o cumprimento de regras estabelecidas pela própria comunidade. Ao escrever "A Ética Protestante", Max Weber tentou aplicar a construção do pensamento religioso protestante ao surgimento do capitalismo industrial e financeiro contemporâneo. Da mesma forma, podemos tentar compreender a construção de um geist, uma cultura de respeito e moderação em volta daquele protocolo revolucionário na construção de um novo capitalismo, mais descentralizado e mais livre de influências políticas e ideológicas.
O Bitcoin não é apenas uma proposta de evolução da própria internet, mas também uma evolução do dinheiro como o conhecemos. E, assim como a internet transformou a troca de informações no mundo todo, o invento de Satoshi Nakamoto tem o potencial de revolucionar o conceito de troca de valores como o conhecemos.
Túlio Tito Borges - Direito Diurno
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