Enquanto assistia ao filme, “Ponto de mutação”, uma frase,
dita algumas vezes por professores nas ultimas semanas, martelava
insistentemente a minha cabeça; “Um doutor é aquele que sabe quase tudo de
quase nada”. Tal afirmação me ficou
sobremaneira acentuada quando se iniciou a fala acerca do mecanicismo agregado
aos mais diversos campos, perpassando da ciência e cultura à natureza e as
artes, pós-método cartesiano.
Não obstante, a justificativa apresentada para a
problemática socioeconômica e socioambiental, como uma “crise de percepção”, em
minha opinião, é absolutamente condizente e está em concomitância com a fala de
diversos intelectuais contemporâneos como Leonardo Boff e Zygmunt Bauman, dos
quais pretendo tratar de maneira breve e subsequente.
A priori, a questão do mecanicismo e especificidade como
ideia dominante nas ciências além de problemático por criar impedimento à
interdisciplinaridade e o consequente diálogo com diversas áreas do saber, acaba
por estreitar a amplitude dos fins. Com isso o pesquisador vai muito afundo em
assuntos que muitas vezes não resultam em grande relevância por estarem
desconexos e isolados de outros fins complementares dados por estudos também específicos
em outras áreas. Dessa maneira segue-se um desenvolvimento cientifico “picotado”,
muito semelhante à um imenso e de impossível quebra- cabeças.
Por outro lado, existe uma tendência mundial à uma
reformulação do ensino de modo a torna-lo interdisciplinar. Algumas
universidades brasileiras já tem adotado o sistema de ensino em múltiplas áreas.
Um exemplo próximo é a Universidade Federal do ABC que adota um modelo de “bacharelados
interdisciplinares” em sua grade de ensino, objetivando capacitar pesquisadores
aptos a trilhar caminhos amplos e a compreender de maneira abrangente a
problemática apresentada; rompendo de fato com o mecanicismo cartesiano.
À posteriori, a elucidação de uma relação de dependência entre
problemas sociais, econômicos e ambientais é absolutamente condizente com o
cenário contemporâneo; o que impossibilita a resolução de quaisquer desses
problemas isoladamente. Com isso, a insistência por muitos, de se manter um método
cartesiano na tentativa do trato com tal gama de dificuldade, é conceituada
como uma “crise de percepção da realidade”; assunto versado por Leonardo Boff,
em sua obra, “Ética e moral : a busca por fundamentos”, e pelo autor Zygmunt Bauman,
em sua obra, “Mal estar na pós modernidade”. Para ambos autores, a sociedade contemporânea
padece de uma crise de percepção e uma crise moral, extremamente nocivas aos
seres humanos e ao meio ambiente.
Por conseguinte, somente com uma visão abrangente dos problemas atuais, que permita a sistematização
correlativa entre eles, teremos eficácia de fins e um melhor entendimento da
realidade.
Roberto Renan Belozo 1º direito noturno.
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