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segunda-feira, 3 de abril de 2023

A opressão social na formação da consciência coletiva.

Como um dos maiores sociólogos, os pensamentos e ideias de Emile Durkheim ainda são relevantes. Uma dessas ideias é a consciência coletiva, que é a noção de que as sociedades têm uma cultura, um conjunto de valores e um conjunto de crenças compartilhados que servem como base de sua coesão social. Essa consciência determina como as pessoas se comportam e como as interações sociais são reguladas. 

Segundo Durkheim, dois componentes formam a consciência coletiva: as normas sociais, que são as regras de comportamento definidas pelos membros mais influentes da sociedade, e as representações coletivas, que são as ideias e crenças que todos da sociedade compartilham. Esses dois se unem para direcionar as interações sociais e a conduta humana. Porém, é crucial lembrar que Durkheim vê a consciência coletiva como um conceito abstrato que existe à parte das pessoas da sociedade, o que intelectuais questionaram, argumentando que a consciência coletiva é na verdade uma criação social feita e mantida pelos próprios indivíduos.  
 

Grada Kilomba é uma dessas intelectuais e nos ajuda a compreender como esse conceito se encontra sendo influenciado por uma opressão atualmente. Ela afirma que a consciência coletiva de uma sociedade é uma criação social criada pelas experiências e pontos de vista de seus constituintes, e não um conceito abstrato. A partir dessa interpretação e a obra de Kilomba, o racismo, o sexismo e outras formas de opressão estão arraigados na sociedade e impactam a forma como as pessoas se percebem e interagem. A principal contribuição de seus artigos é o fato de que Kilomba destaca que grupos sociais marginalizados são frequentemente excluídos do processo de construção da consciência coletiva, não tendo voz ou presença visível, sendo excluídos da formação das tradições e costumes mesmo sendo uma expressiva parte da população. Para criar uma consciência coletiva mais inclusiva e justa, é essencial reconhecer e valorizar os pontos de vista e as experiências de vários grupos, e não limitar a percepção apenas a quem se encontra no centro e ignorar todas as perspectivas de quem se encontra na margem, segundo os próprios conceitos da autora. 


Resumidamente, a consciência coletiva de Durkheim é a base para compreender como as sociedades funcionam e como a cultura e os valores são transmitidos de uma geração para outra. No entanto, é crucial reconhecer as críticas feitas a essa ideia, particularmente no que diz respeito à compreensão não abstrata da consciência coletiva. As obras de Grada Kilomba são uma contribuição significativa para esse debate, porque enfatizam o quão crucial é reconhecer como a opressão social molda a consciência coletiva e como as vozes oprimidas devem ser incluídas em sua formação. 

 

Afonso da Silva Ferreira - 1º ano de Direito - Matutino 

RA: 231223242 

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