Segundo o livro “Sociologia” de Auguste Comte, dentro das Leis invariáveis da natureza existem fenômenos “normais”, que seguem um padrão pré-estabelecido, e, outros, “anormais”, sendo conceitos contrários entre si. Levando em conta o contexto histórico do autor, é possível apreender-se que devido a diversos conflitos sociais da época, os positivistas buscavam uma certa base confiável e “firme” para basear seus estudos, encontrando um senso de estabilidade a partir da construção de normas ou leis generalistas.
Entretanto, no decorrer da história, notam-se comportamentos semelhantes aos desenvolvidos pelos positivistas, principalmente em momentos de crise na sociedade. Por exemplo: Hobbes, ao escrever “O Leviatã” sofre grande influência de seu contexto social, já que, à época acreditava-se necessitar de um Estado fortalecido, capaz de manter a harmonia ou paz social, evitando situações caóticas como as que estavam ocorrendo. Ou seja, mesmo que o positivismo só surja no século XIX, as bases de suas ideias já podiam ser observadas anteriormente, sendo, neste caso, a busca pela conformidade, estabilidade e previsibilidade que dão senso de segurança ao corpo social.
Portanto, a propósito de criar uma comparação não anacrônica. Para Hobbes, seu contexto histórico e busca por estabilidade em um momento caótico o fez criar uma obra que procura um - padrão - de comportamento. E, no caso dos positivistas, embora dentro de um contexto histórico radicalmente diferente, também experimentava certo “caos social”, buscando, segurança e estabilidade na criação de normas que imitassem às naturais, consideradas à época como imutáveis, portanto, previsíveis, padronizadas e generalizadas.
Atualmente, dentro de movimentos como o “bolsonarismo” nota-se certa procura pelo “retorno aos padrões”, existe uma necessidade de adequação a valores que não cabem à modernidade. Ou seja, quando a organização social falha em manter a harmonia, como com o surgimento de uma crise política ou econômica, surgem movimentos que buscam essa “conformidade” às normas. No caso do “bolsonarismo” existe um desejo de retorno ao passado e culto à violência extrema, podendo estar relacionados a grande insegurança em diversos quesitos, ou seja, um momento de “solo arenoso” e instável socialmente que justificaria um modelo mais rígido de organização, segundo os padrões observados nesse movimento. Porém, somente se aproxima de ideias positivistas quanto a ideia de normal versus anormal, adequado versus antiquado.
Portanto, o comportamento dos positivistas ao buscar nas normas uma estabilidade, em contraste com seus contextos históricos, também pode ser observada hoje, mesmo que de forma diferente. Nota-se, por fim, que o corpo social, pretende manter sua demanda por harmonia e paz, achando nas leis da natureza certo “conforto” e, também, na ideia de padronização e a manutenção das normas, buscando evitar o caos observado na sociedade circundante.
Ellen Araujo
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