Ao
longo do século XIX, o continente europeu enfrentou uma série de revoluções e
instabilidades políticas que alteraram a ordem da sociedade, de modo que a
classe trabalhadora lutava por direitos e melhores condições de vida, enquanto
a burguesia buscava hegemonia para defender seus próprios interesses. Dentro
desse cenário, a ciência começou a se desenvolver e métodos científicos, como o
positivismo de August Comte, difundiram-se por toda a Europa.
A
bandeira do Brasil que apresenta o lema “ordem e progresso” é um grande reflexo
da filosofia de Comte, uma vez que ela propõe a superação do pensamento religioso
e profano, dando lugar à observação da natureza para criação de leis imutáveis
que busquem descrever a sociedade e o seu funcionamento baseando-se na ciência
e em fatos científicos. Dessa forma, abandonando a moral católica, o ser humano
caminharia para o progresso, com a priorização do coletivo em detrimento do individual.
Dentro
dessa lógica, o projeto de avanço da sociedade deve se sobrepor às diferenças
pessoais de cada um e oprimir o que foge de seus princípios, para assim
manter-se a ordem e estabilidade. Contudo, a falta de consideração pelas
diferenças e o foco exclusivo no geral é altamente discriminatório e
excludente, já que na sociedade contemporânea é valorizado o bem-estar, e há
uma busca constante pela luta por igualdade e reconhecimento das minorias
historicamente marginalizadas e esquecidas.
Sendo assim, é
importante questionar, nos dias de hoje, a filosofia positivista e refletir que a ordem e progresso defendida por ela são indiferentes às reivindicações e dores
dos cidadãos que sofrem de discriminações, estando assim, ligadas à busca pelo
lucro e ao sacrifício de tantas vidas. Enquanto alguns aspectos do positivismo
são importantes, como a ênfase na
ciência e no método científico, é fato que essa corrente oprime pessoas e,
portanto, não é mais relevante para entender o mundo complexo e diverso em que
vivemos, em que uma simples frase como “ordem e progresso” não é mais capaz de
descrever e representar todas as milhares de personalidades, culturas e realidades
inseridas na contemporaneidade.
Carolina Carneiro Chaves - 231223498
1° direito matutino
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