Segundo Achille Mbembe,
em seu livro “Crítica da Razão Negra” e exposta pelo Dr. Jonas Rafael dos
Santos, o racismo é uma construção histórica baseada em relações de poder, uma
tecnologia política para legitimar a superioridade de um grupo em relação ao
outro, fundamentada na questão do capital. Em consonância a isso, existe o
conceito de efabulação, uma ideia de fábula, uma ficção feita pelo poder
hegemônico, que seria útil para manutenção desse sistema opressor e que criou
essa ideia de raça, de objetificação do homem negro, um “não ser”, assim como
os efeitos disso, tanto na questão da desigualdade econômica tanto no contexto
jurídico, ocorrendo um alterocídio, que seria um assassinato da diferença, uma
negação da humanidade do outro.
Nesse sentido, pode-se
dizer que o direito é um instrumento para a manutenção do racismo, e ajuda
nessa efabulação da raça. Durante diferentes contextos históricos utilizava-se
do sistema jurídico para consolidar práticas abomináveis contra a população
negra, como durante o período da Escravidão e sua perpetuação que foi apoiado pelo
jurídico, que ao mesmo tempo exterminava com qualquer tipo de direito civil que
se pudesse pensar e fundamentava sua comercialização como se fossem objetos,
até os dias atuais, no qual é possível perceber todo esse histórico por meio do
racismo estrutural e da marginalização desses indivíduos, que se faz presente
na forma como os negros são tratados dentro do sistema jurídico, seja pela
pouca quantidade de estagiários e advogados negros, ou pela grande quantidade
de negros no sistema penitenciário, além das implícitas formas de racismo
dentro do tribunal.
Assim, é importante o
estudo decolonial para entender que o direito é sim uma ferramenta opressiva se
continuar nesse molde hegemônico ocidental, e se faz importante ações para que
isso mude e ele se torne um enfrentamento contra essas práticas que machucam os
grupos vulneráveis, como ampliar a atuação de defensores públicos para essa
parcela da sociedade, caracterizar a injúria racial como crime de racismo,
entre outras ações plurais que abandonem essa razão branca vigente durante
tanto tempo e efetivem direitos e políticas públicas igualitárias.
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