O
direito é uma figura muito emblemática e sempre ocupou um papel central nas
sociedades humanas. Foi o fundamentador de muitas atrocidades, como o nazismo,
o fascismo e a escravidão. Partindo desse último evento, que marcou e marcará
eternamente a história do planeta, afinal, racismo é uma construção história fundada
na necessidade de sobreposição de um grupo sobre outro, resta uma dúvida em
aberto: a questão da raça faz diferença para o direito?
Pensando
que o direito é uma ciência social aplicada, não existe forma melhor de responder
essa questão que não explicitando aqui uma situação real. Em 2019 uma notícia chamava
a atenção, era o caso da Sra. Eliane. Ela visitava o filho preso da Fundação
Casa quando foi presa e condenada por tráfico de drogas, as quais ela
transportava porque o filho estava sofrendo ameaças dentro da instituição. O
mais curioso é a quantidade que ela possuía, cerca de 1,4g de maconha, o
tamanho de um sachê de sal. No entanto, segundo o juiz, como ela estava grávida
de 9 meses, precisava ser presa para “repensar seu comportamento”. Qual o
diferencial dela frente a inúmeras apreensões desse tipo? Ela é uma mulher
preta, pobre e marginalizada.
A questão da raça, naquele sentido citado pelo
Prof. Dr. Jonas Rafael dos Santos, como algo determinado em um contexto
neoliberal, sem vínculo estrito com a origem étnica, é peça fundamental no
direito. Hoje em dia, a maioria das pessoas no presidio são pretos e,
principalmente, marginalizados, pessoas sem oportunidades.
Conforme o palestrante, raça não existe como
fato natural, é uma construção fantasmagórica, é uma construção social, é um
projeto de opressão que possibilita que os opressores oprimissem os oprimidos.
Essa construção é faz com que milhares de Elianas sejam aprisionadas diariamente,
fruto de um judiciário racista, com sentenças mergulhadas em ódio, o puro suco
do sistema neoliberal no qual o Brasil está inserido; bem como advém de diversas
aberturas legais que deixam na mão de um sistema totalmente falho a
possibilidade de determinar o que é crime e o que não é.
Portanto, é impossível falar de Direito sem
falar da posição da raça e do racismo, duas figuras protagonistas de diversas
pautas no mundo contemporâneo e que ganharam destaque nos últimos anos, vide
caso do BlackLivesMatter que cresceu com a morte do George Floyd. A realidade é
que, seguindo a linha do professor Jonas, nós vivemos na era do Capitalismo
Extrativista e os poderes têm a função de fundamentar isso, permitindo a
invasão dos corpos e das mentes, por isso a ideia de raça e racismo ganham tanta
força, são originários desse sistema desprezível. A mudança exige tempo e
ações, como criar um orgulho da África e mostrar que aquele não é um continente
vazio como a escravização e o eurocentrismo fez parecer, o tempo de transformação
é o agora.
GABRIEL RIGONATO - NOTURNO - TURMA 38
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