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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

O individual considerado como coletivo

Em 2020 uma menina de dez(10) anos, grávida e que sofria constantes abusos de seu tio, foi encaminhada para um hospital especializado para realizar um aborto legal. Porém, suas informações são vazadas e manifestantes contra o procedimento se juntam na frente do hospital solicitando a interrupção. Esse caso tomou grandes proporções no Brasil devido a polêmica ao redor da questão e muitas vertentes se pronunciaram tanto contra como a favor da técnica. Os revoltosos que estavam na frente do estabelecimento chamaram o médico responsável de "Assassino", dado que ele estava ceifando uma vida. Contudo, todo o procedimento foi previsto na lei, sendo totalmente legal.

Esse caso remete a análise de Durkheim sobre as sociedades, em que nas pré-modernas o que feria consciência social era considerado crime, visto que possuía apenas uma e essa era a base para o seu estabelecimento. Entretanto, nas sociedades modernas, tem-se concepções individuais para cada ser, mas eles estão ligados no coletivo devido às suas funções no estabelecimento da harmonia, isto é, com a divisão do trabalho todos têm uma função especializada que contribui diretamente com o coletivo, sendo complementares umas a outras e sua coesão e equilíbrio se dá através dos códigos e regras de conduta, ou seja, o Direito.

Dessa forma, os que compareceram no protesto, alimentados de uma quebra de suas consciências individuais, estabeleceram que o ato da menina era considerado crime, e eles seriam responsáveis por aplicar a norma de seu aspecto privado, tentando impedir que o procedimento acontecesse, o que remete a influência das sociedades pré-modernas na concepção dessas pessoas. Mas, como estamos em uma sociedade moderna, o Direito tem o cumprimento das leis como uma das modalidades do seu equilíbrio, a divisão do trabalho estabelecida o coloca na função de praticar e aplicar a lei, assim, mesmo com os diversos protestos a menina pôde realizar o procedimento.

Além disso, essas instituições têm um alto poder coercitivo sobre seus seguidores, como fala Durkheim, que em diversas vezes ele é tão grande que elas nem percebem que estão sendo condicionadas. Muitas dessas obrigações são postas desde o nascimento, em que sempre tendo essa pressão encaram o assunto como uma verdade universal e não se desviam, apenas quando se afastam dessa mentalidade percebem essas imposições. Desse modo, esses manifestantes também têm esse caráter, por isso colocam a sua concepção individual acima da coletiva, elevando seus princípios ao coletivo.

Camila Gimenes Perellon - Matutino - 1° Semestre

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