Era uma vez dois meninos que viviam
em um mesmo bairro, o Antônio e o Eduardo. Eles viviam elaborando condutas
ideais para os moradores seguirem. Para Antônio tudo era baseado em uma
dualidade que não podia fugir da ordem e gerar sempre progresso, os preceitos
morais era o alicerce que constituía aquela comunidade integra.
Eduardo seguiu alguns passos de
Antônio, ele também acreditava que era necessário a contínua reafirmação da
moral. Um dia o Otávio - outro menino da vizinhança - pegou uma bala a mais de Eduardo. Ao entardecer Dudu foi
até sua garagem e furou a bola favorita dele. Para Antônio essa ação era
punitiva ao Otávio, mas o Eduardo fez pensando nos outros meninos da rua, que
observando as consequências não pegaria suas balas – Otávio foi um exemplo
apenas.
Como viram de certa forma Antônio e
Eduardo por um bom tempo seguiram unidos em seus ideais, eles defendiam fervorosamente
que era necessário controlar aquilo que prevalecia, no caso, a sociedade. Mas
um dia Eduardo parou para analisar a forma como Antônio agia, Antônio não
aceitava coisas que fugiam do estabelecido por ele, daquilo que gerava a ordem na
sua percepção.
Certa tarde, um novo vizinho chegou à
vizinhança, ele tinha a mesma idade dos outros garotos, mas era completamente
diferente do que estavam habituados a ver pelo bairro. O menino utilizava seu
cabelo até o comprimento do ombro, suas unhas eram pintadas de preto e nele havia
alguns piercings e alargadores. Antônio logo achou inadmissível que o garoto
entrasse para o grupinho dos “progressistas”.
Naquele momento, Eduardo percebeu
que o Antônio apelava exclusivamente para a sua interpretação, o que era uma
noção metafísica – uma explicação suprassensível a realidade. Antônio não
analisava os fatos como eles realmente eram, ou a história em si, ele valorizava
a sua ideia de história.
Por isso, Dudu rompeu com o grupo de
Antônio, ele nem achava mais que a nomenclatura se aliava a forma como as
atitudes eram tomadas. Ele criou um novo grupinho para a comunidade os “funcionalistas”
e convidou o novato para fazer parte. Dudu queria entender como que acontece de
uma pessoa se construir de maneira diferente da sua, em um lugar diferente e em
uma cultura diferente.
Moral:
Às vezes um lapso de sensatez que te faz desvincular do absurdo, aos seus
olhos, te transforma em uma figura com preceitos únicos – não necessariamente
com todos louváveis.
Maria Fernanda Barra Firmino - 1° semestre de Direito - matutino
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