O filme “ponto de mutação” apresenta
uma nova forma de compreender o mundo denominada Teoria dos Sistemas ou Pensamento
Holístico. Esse novo arcabouço teórico busca substituir a Teoria Reducionista
com o intuito de melhor interpretar a realidade dos séculos XIX e XX.
Os grandes articuladores da Teoria
Reducionista foram, entre outras figuras ilustres, Descartes, Bacon e Newton. Esta
teoria enxergava o mundo em pequenas partes, com o intuito de interpretar a
natureza analisando e estudando mínimas porções isoladas. Descartes entendia a
realidade como um mecanismo, utilizando a metáfora de um relógio para descrevê-la.
Bacon atribuía à natureza um carácter feminino, indicando que o homem deveria
subjulgá-la e tortura-la, buscando extrair dela todo o conhecimento possível.
Com sua máxima “Saber é Poder”, Bacon deixou claro o teor patriarcal de sua
teoria cuja característica é exercer domínio sobre as outras coisas.
Finalmente, o sonho cartesiano do mundo como uma máquina perfeita torna-se um
fato consumando com as Leis de Newton. É importante destacar que o mecanicismo
da Teoria Reducionista provocou um distanciamento e uma indiferença das pessoas
com relação à natureza. A ciência contemporânea parece ter seguido o conselho
de Bacon, pois, atualmente, o planeta está sendo escravizado e torturado pelo
homem. Como evidências dessa afirmação, podemos citar o aquecimento global, a
superpopulação, a extinção em massa de espécies, a poluição, entre outros
exemplos.
Além da crítica à visão reducionista,
o filme também questiona como os avanços científicos são utilizados pela humanidade.
Ao mesmo tempo que são aplicados em causas nobres como a medicina, servem a
interesses bélicos como os projetos militares. O descobrimento e a posterior utilização
da energia do átomo constitui um dos melhores exemplos dessa questão na
atualidade. Este avanço, se por um lado favoreceu a geração de energia
elétrica, por outro propiciou o desenvolvimento das armas nucleares. A reflexão
de Isaac Asimov se aplica muito bem a essa temática: “O aspecto mais triste da
vida de hoje é que a ciência ganha em conhecimento mais rapidamente que a
sociedade em sabedoria”.
Diante dessa problemática, surge o pensamento
holístico como forma de solução. Analisando o mundo partindo de uma perspectiva
subatômica, a teoria dos sistemas conclui que todos nós somos parte de uma inseparável
teia de relações. Ao invés de se concentrar em blocos básicos, essa teoria pensa
nos princípios de organização, auxiliando a humanidade a resolver a sua crise
perceptiva: a natureza não mais será enxergada como uma máquina e sim como um
complexo vivo, que evolui e se transforma junto com os seres humanos. A compreensão
do mundo por meio da perspectiva holística nos ajudaria a resolver os complexos
problemas que assolam o nosso século, além de evitar a instauração de regimes
totalitários como o fascismo. De acordo com o pensador Gramsci, “o fascismo é a
tentativa de resolver os problemas da produção e da troca através de rajadas de
metralhadoras”. Tal afirmação indica que este
regime é marcado pela superficialidade crítica, entendendo de maneira
incompleta a realidade do mundo, além de ser marcado pela extrema violência e
por um nacionalismo exacerbado. Estas características são conflitantes com a visão
de mundo holística, responsável pela análise profunda e multifacetada dos
problemas, pela reflexão constante e por estabelecer um sentimento de união
entre toda a raça humana e o planeta. Para finalizar, é importante observar que
a Teoria dos Sistemas busca trazer uma responsabilidade aos cientistas sobre a consequência
de suas descobertas. Os pesquisadores devem estar atentos aos possíveis danos
de seus trabalhos à sociedade, tomando como indicativo de alerta o fato de que 70% da pesquisa realizada nos EUA é financiada pelas forças armadas. Neste caso, a sabedoria dos índios americanos
seria de grande ajuda: em sua sociedade “primitiva”, estes homens apenas
tomavam as importantes decisões pensando na sétima geração.
Esqueci da identificação: Nicolas Candido Chiarelli do Nascimento, Turma xxxvi; Matutino
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