O desenvolvimento da ciência moderna, por Descartes e Bacon, teve como base o método e a razão. A busca pelo pragmatismo e pela utilidade do conhecimento foi extramente revolucionária para o pensamento da época e sistematizou a ideia de que este representava poder. Dessa forma, ao fragmentar as partes de estudo, tendo como objetivo analisá-las separada e profundamente, a noção de entendê-las como parte de um sistema macro se perdeu durante os séculos.
Nesse contexto, é necessária a compreensão de que as primordialidades dos séculos XVI e XVII não são, atualmente, as mesmas. Sendo assim, a manutenção de tal pragmatismo, imposto pelo método da ciência moderna, é, além de anacrônico, insuficiente. Como mencionado por Sonia no filme "Ponto de Mutação", a ciência deveria se adaptar às transformações do mundo e não ser tão rigorosa quanto a utilização de novos métodos, valorizando, além da própria razão, outros maneiras de se alcançar o conhecimento.
Dessa maneira, a ciência deveria abranger e ampliar seus conceitos para que um maior avanço seja atingido, não no campo econômico e militar, mas sim no campo social. Logo, como refletido pelos protagonistas do filme já mencionado, a utilização de estudos que poderiam ser largamente relevantes para a população em geral são, constantemente, voltados para a melhoria de um grupo restrito e elitizado, quando não usados em guerras e conflitos.
Assim, a manifestação silenciosa de novas formas de governos totalitários, como o fascismo, possui apoio da ciência quando se busca o enriquecimento e a manipulação da massa, já que através de um líder hostil e carismático, a sociedade se vê ludibriada e com anseio de alcançar todos os prazeres prometidos pelo mesmo.
Para que assim não seja, a ciência deveria caminhar lado a lado com os conceitos de ética, humanização e direitos, tendo em vista que, por ser produzido pela sociedade, necessitaria retornar à própria sociedade e criaria assim uma rede de conexões interpessoais que baniriam o crescimento de governos ditatoriais superficialmente críticos.
Laura Tamiê Facirolli Fukuhara
Direito noturno
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