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segunda-feira, 1 de abril de 2019

A sombra pendular do fascismo



  A sociedade é composta por um conglomerado de relações, estas que alimentam o ideológico das gerações conforme suas mudanças e transmutações ao longo do tempo. No filme “Ponto de Mutação” a cientista expõe que para entender os problemas da sociedade, é preciso analisar todas as suas conexões, de forma sistêmica e integral, e é dessa forma que o fascismo do século XX e o fascismo contemporâneo devem ser abordados.
   A origem do fascismo na Itália com Benito Mussolini tem raízes profundas e é fruto de um longo processo político num contexto conturbado da história europeia, que partiu desde a aversão aos estrangeiros, o desenvolvimento do nacionalismo fanático, até a implementação de um governo totalitário, que conseguisse reunir todos os ideários fascistas com o consentimento da população.
   Tanto Mussolini como Hitler possuíam um carisma sem igual, seus discursos eram famosos por conseguir convencer até mesmo o opositor mais endurecido, o que lhes dava pleno apoio político, legitimando suas atrocidades e seu governo autoritário. Este fator carismático configura uma das formas de poder explanadas por Max Weber, em que o governante tem sua legitimidade calcada na aprovação geral, além disso, os governantes fascistas em questão conseguiram compilar outras formas de poder também expostas por Weber, como o Legal (por ocuparem o mais alto cargo político) e o Tradicional (por representarem uma liderança militar). Atualmente, este cenário pôde ser visto nas eleições brasileiras, em que determinados candidatos adotaram discursos que a população queria de fato ouvir, ainda que tais falas apresentassem aspectos repugnantes e preconceituosos.
   Além do carisma, o totalitarismo presente nesta forma de governo contribuiu diretamente para que os regimes fascistas se perpetuassem, pois extinguiram todos os meios democráticos, com o fechamento do parlamento, a censura e a propaganda nacionalista. No Brasil, o totalitarismo se manifesta a partir das constantes repressões à mídia, por meio de uma censura velada e covarde contra os meios de comunicação. Além disso o racismo, a homofobia, a xenofobia e outras formas de preconceito voltaram a crescer de forma exorbitante a partir dos últimos meses, em decorrência da ascensão de um governante que compactua de forma declarada com este ponto de vista grotesco.
   Como se não bastasse a semelhança com os aspectos fascistas entre os governos de Mussolini e Hitler, e o governo atual brasileiro, viu-se uma crescente vertical do setor militar, que agora, conta com cargos de alto escalão nos ministérios e secretariados, que reiteram uma política hipócrita de combater a violência com mais violência, por meio da criação de leis mais ríspidas e a proposta mais absurda de todas: a revogação do estatuto do desarmamento.
   A superação do pensamento irracional por Descartes e Bacon foi consumida pelo desenvolvimento do fascismo na Europa através da ausência de uma ciência racional que provasse a inveracidade de tudo aquilo que se pregava pela ditadura alemã e italiana, que eternizaram o fascismo não mais como uma forma de totalitarismo, mas sim como uma vertente a ser seguida, uma forma de pensamento de caráter pendular, que ao longo dos anos retorna para assombrar aqueles que são reprimidos. A aberração fascista agora tem assolado a população brasileira, que, em sua maioria, permitiu que ela se alastrasse novamente, ao abandonar o a forma racional do pensar, adotando-se um discurso odioso típico de tempos remotos em que a barbárie e a violência eram cotidianas.

- Jonathan Toshio Maciel da Silva
Direito (noturno)

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