A queda dos ídolos
A natureza e toda sua complexidade é o grande agente instigador do
intelecto humano. Muitas mentes ao longo da história direcionaram seus esforços
para compreender o mundo em todos os seus campos, entretanto Francis Bacon, em sua
obra Novum
Organum, preocupou-se antes com a maneira a qual tais respostas deveriam
ser buscadas e propôs um método de pesquisa científico.
Muito do conhecimento que havia sido produzido até então era pautado
na dedução intuitiva que
decorria do método aristotélico, onde o intuito é encontrar a causa final de determinado acontecimento. Esse método, no
entanto, pressupõe uma realidade antes de se comprova-la empiricamente. Desse
modo, distorções e até mesmo interpretações errôneas podem ser produzidas
e adotadas como referencial sem uma sustentação certificável.
Para Bacon esse exercício da mente, o qual associa-se a dedução intuitiva, como meio de buscar as respostas é
falho, pois o intelecto humano é tendencioso quanto aos seus interesses e portanto impreciso na apuração dos fatos. Partindo dessa condição propõe-se
um método denominado indução por eliminação, onde se parte de premissas básicas
e notáveis da situação ou fenômeno pesquisado, depois são testadas empiricamente
e experimentalmente possíveis explicações, para então eliminar o que não foi comprovado e lapidar logicamente o conteúdo desses estudos. Não há nesse caso a
preocupação com a causa final do fato, mas sim com a interpretação e o
entendimento do processo que levou a sua ocorrência.
Ao propor esse método, Bacon condena os entraves que
em sua visão existiam ao avanço da ciência, os chamados “ídolos”, que dogmatizam
o conhecimento e impedem uma apuração precisa dos processos. Para superar tais
entraves seria necessário desenvolver novas técnicas que auxiliassem o
intelecto a abstrair tais dogmas e melhor interpretar a realidade.
De modo geral a proposta de Bacon converge com o
modelo de pesquisa científica contemporâneo em especial no que se refere à
criação de técnicas para aferimento dos fatos e interpretação da realidade a partir da experimentação e não somente de concepções intuitivamente obtidas, ou pré-concebidas. Não se pode fazer ciência com antolhos dogmáticos que inviabilizem uma visão crítica da realidade
e é nesse ponto que mora a maior virtude da obra. A negação de "ídolos" que não se sustentam logicamente é o primeiro passo para se fazer ciência.
Lucas Tadeu Ribeiro Efigênio
1º Ano – Direito - Noturno
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