Francis Bacon atribuía a interpretação do mundo à experiência. Considerado um empirista ortodoxo, Bacon acreditava que a experiência deveria levar as conclusões, e não o contrário como pregava Aristóteles. Desse modo, a razão deveria se submeter a experiência e as conclusões seriam fruto da dialética de realizar uma observação e submetê-la ao pensamento.
Mesmo que sua obra "Novum Organum" tenha começado a ser escrita em 1608 podemos aplicar seus conceitos em nossa contemporaneidade. Um exemplo que podemos levar em conta é a dos pedidos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Quando pensamos no ato de um impeachment lembramos da experiência que tivemos com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que teve em seu governo acusações de corrupção, desencadeando um processo de impeachment na Câmara dos Deputados, seguido do apoio popular com o movimento dos Cara-pintadas. Esse fato possui muitas semelhanças com o que acontece no atual governo, que também possui denuncias de corrupção e que o povo, em alguns casos, assimilando a experiência e os resultados obtidos pelos cara-pintadas, foi a rua protestar, utilizando-se da razão para formular suas questões e objetivos.
Outro ponto da obra de Bacon que pode ser atrelado a nossa realidade é sobre a teoria dos ídolos. Os ídolos são considerados falsas percepções do mundo e podem ser divididos em ídolos da tribo, da caverna, do foro ou do teatro. Como um exemplo de ídolos do foro podemos citar a mídia pois, ao informar sobre as manifestações a favor ou contra o impeachment da presidente Dilma, se apresenta de forma tendenciosa, fazendo o uso de palavras e imagens que favorecem o seu ponto de vista, levando a uma alienação da população e, consequentemente, uma visão distorcida da realidade.
A "cura da mente", um objetivo almejado pela teoria de Bacon, é difícil de ser alcançado pois, na maioria das vezes, ocorre a transferência de um ídolo para o outro, não resolvendo o problema e agravando o processo.
Bruna Flora Brosque
1º ano de Direito - Diurno
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