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segunda-feira, 21 de março de 2016

A permanência dos ídolos na sociedade contemporânea

Desde os primórdios, o Homem tem exercido uma relação primordial com a natureza ao seu redor. Se o domínio da natureza na Revolução Neolítica por meio do início da utilização de técnicas agrárias significou o primeiro passo para uma não submissão completa aos fatores naturais, o aperfeiçoamento e a valorização da razão como instrumento para a compreensão do mundo – visto principalmente a partir do Renascimento Cultural – acabou gerando um efeito quase que contrário, uma vez que apontou para uma valorização excessiva da mente em detrimento do conhecimento prático que a natureza, em constante processo de renovação, sempre poderá nos indicar por meio de processos de experimentação.

Tal situação preocupou o filósofo Francis Bacon, que em sua obra “Novum Organum”, de 1620 (escrita, portanto, ainda sobre a aura renascentista), preocupa-se com os rumos que a ciência tomava naquele momento. Ele foca então na determinação de axiomas que possam ajudar o ser humano a encontrar o verdadeiro conhecimento, sem se deixar “enganar” por aquilo que considera os ídolos que impedem o real encontro com a verdade.

Atualmente, com o contínuo aperfeiçoamento da ciência ao longo dos tempos, pode-se dizer que a preocupação de Bacon acerca da necessidade de experimentação para a busca do conhecimento não se mostre mais tanto fundamentada, ainda que a consolidação daquilo que chamamos de verdade continue sendo extremamente influenciada por fatores externos, tais como os ídolos apontados pelo filósofo. É impossível, portanto, a aceitação total por parte da sociedade de um conhecimento acadêmico enquanto convivemos com a pluralidade de ideias, advinda, por exemplo, da diferente formação da visão de mundo de cada indivíduo, podendo esta ser influenciada ainda por outros fatores, como a filosofia e a religião.

Confiar cegamente na experimentação de aspectos naturais e na comprovação destes experimentos por meio dos sentidos, como propunha Francis Bacon, talvez possa, então, realmente ser uma saída para o encontro do conhecimento verdadeiro. Mas quão dispostos estaríamos de abrir mão de todos os nossos ídolos, ainda que possamos saber a possibilidade de eles nos incitarem o erro? Cabe a cada um decidir. 

Luiz Antonio Martins Cambuhy Júnior
Direito - 1° Ano Matutino

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