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segunda-feira, 14 de maio de 2012

O FATO SOCIAL E A CRISE GREGA 




O resultado recente das eleições na Grécia anunciam a possibilidade de um novo patamar da crise, econômica e social, que aflige a Europa desde 2008. No entanto, com o aumento do desemprego, dos suicídios, da emigração, surge a questão se não se trata, também, de uma crise essencialmente social.


A rigidez da Alemanha quanto ao respeito das condições impostas, por parte dos gregos, pelo bail-out financiado pela União Europeia é fruto de uma consciência coletiva anglo-saxônica, de um fato social, de que os gregos não seriam capazes de gerir sua própria economia, sendo adeptos de comportamentos extravagantes, improdutivos e preguiçosos (http://www.smh.com.au/world/german-greek-tensions-ignite-in-war-of-words-20110624-1gjjy.html). Para os alemães, os líderes da nova Europa, a crise se resume aos dados estatísticos dos bancos e da economia falida da Grécia. Entretanto, a suposta racionalidade alemã referente à crise e sua visão coletiva superam o perigo da generalização, comprovando-se estatisticamente, sendo, portanto, um fato social.

O poder de coerção e a força imperativa do fato social, nesse caso, seria a visão majoritária alemã de que os gregos não teriam condições de se recuperar economicamente sem ajuda externa, e, que os problemas profundos da economia Grega são fruto dá própria inabilidade local de se auto-sustentar (http://www.reuters.com/article/2012/02/26/us-eurozone-germany-poll-idUSTRE81P0BW20120226E). Esse poder de força é identificado pela ameaça de sanção, segundo Durkheim, nesse caso, a sanção define-se pela crescente rejeição aberta aos imigrantes estrangeiros de formadores de opinião, visão essa respaldada por apoio popular(http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2010/09/09/AR2010090903264.html). Portanto, os políticos alemães são seres sociais na medida em que sofrem coerção de uma visão majoritária que limita a resposta individual, no sentido que a possibilidade de sanção eleitoral os impede de agir de forma mais original e inovadora.

Nesse sentido, constata-se que aqueles que sofrem as consequências da crise econômica passam por uma crise social desconhecida de muitos não europeus, e, se há a aceitação que as autoridades competentes responsáveis por idealizar o plano de austeridade ao país helênico, e por liderar a execução das medidas, são afetadas por influencias sociais e por fatos sociais, pode-se afirmar que uma resposta adequada à crise deveria enxergar os parâmetros humanos não financeiros e econômicos.

Somente uma resposta mais pluralista e sociológica encontraria vias reais de resolução da maior crise socioeconômica desde 1929. Uma proposta abrangente, nas esferas social, financeira e econômica poderia trazer a receptividade do povo grego para as medidas de austeridade impostas verticalmente por Berlin e Paris. Em um contexto de diálogo e cooperação, concessões podem existir, e assim, os pré-requisitos necessários para o retorno da estabilidade política estariam sedimentos para a reconstrução de uma Grécia arrasada.

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