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segunda-feira, 14 de maio de 2012

A marca da sociedade


      Diversas sociedades primitivas possuíam como um dos seus principais costumes um ritual, que diferia entre cada uma, o qual representava a passagem dos seus habitantes para a fase adulta. Nesse ritual, utilizava-se de algum tipo de tortura, que, na crença do povo, possuía como função “marcar” os indivíduos como pertencentes àquela sociedade, deixando registros físicos como provas e maneira de nunca esquecerem disso.
     Hoje, não é através de sofrimentos ou tortura que a sociedade marca seus pertencentes – é através da coerção, do chamado fato social, teoria elaborada por Emile Durkheim. Este consiste em um conjunto de regras que regem o comportamento dos seres, desde suas roupas, até a maneira de agir e os gostos. Através deles, ela molda o povo de maneira difícil de ser percebida, uma vez que não age abertamente, entram no indivíduo como hábitos, fazendo-o pensar que está agindo por conta própria, quando na verdade apenas expressa um comportamento pré-determinado. Isso será sentido com mais força a partir do momento em que ele tenta combate-lo, pois aí a reação punitiva, que buscará reestabelecer a norma, se mostrará sobre ele.
     Na função de impor essas normas ao indivíduo, segundo Durkheim, a educação possui o papel mais importante. O homem não é um ser social naturalmente, é preciso moldá-lo, adaptá-lo, e é o que a educação faz: forja os seres sociais, interiorizando neles regras que acabarão por ser aceitas, por costume e resignação, até que passem a reproduzi-las como se fossem frutos de sua própria elaboração.
      Desse modo, os indivíduos são marcados como pertencentes à sociedade em que vivem, apenas de uma maneira mais sutil que a utilizada pelas sociedades primitivas, mas que surte o mesmo efeito. O indivíduo, uma vez que consolidado no modelo padrão social, nunca o esquecerá, e dificilmente o mudará, mesmo que se isole ou mude de cenário, pois são marcas já intrínsecas a ele.  

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