Diversas sociedades primitivas possuíam
como um dos seus principais costumes um ritual, que diferia entre cada uma, o
qual representava a passagem dos seus habitantes para a fase adulta. Nesse
ritual, utilizava-se de algum tipo de tortura, que, na crença do povo, possuía
como função “marcar” os indivíduos como pertencentes àquela sociedade, deixando
registros físicos como provas e maneira de nunca esquecerem disso.
Hoje, não é através de
sofrimentos ou tortura que a sociedade marca seus pertencentes – é através da
coerção, do chamado fato social, teoria elaborada por Emile Durkheim. Este consiste
em um conjunto de regras que regem o comportamento dos seres, desde suas
roupas, até a maneira de agir e os gostos. Através deles, ela molda o povo de
maneira difícil de ser percebida, uma vez que não age abertamente, entram no
indivíduo como hábitos, fazendo-o pensar que está agindo por conta própria,
quando na verdade apenas expressa um comportamento pré-determinado. Isso será
sentido com mais força a partir do momento em que ele tenta combate-lo, pois aí
a reação punitiva, que buscará reestabelecer a norma, se mostrará sobre ele.
Na função de impor essas normas
ao indivíduo, segundo Durkheim, a educação possui o papel mais importante. O
homem não é um ser social naturalmente, é preciso moldá-lo, adaptá-lo, e é o
que a educação faz: forja os seres sociais, interiorizando neles regras que
acabarão por ser aceitas, por costume e resignação, até que passem a
reproduzi-las como se fossem frutos de sua própria elaboração.
Desse modo, os indivíduos são
marcados como pertencentes à sociedade em que vivem, apenas de uma maneira mais
sutil que a utilizada pelas sociedades primitivas, mas que surte o mesmo
efeito. O indivíduo, uma vez que consolidado no modelo padrão social, nunca o
esquecerá, e dificilmente o mudará, mesmo que se isole ou mude de cenário, pois
são marcas já intrínsecas a ele.
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