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segunda-feira, 14 de maio de 2012

O bicho homem



          Um dos princípios de Durkheim é que nós humanos não passaríamos de animais, porém “socializados”. Tal ideia pode causar reflexão, já que, em teoria, a espécie humana é a dotada de inteligência, e a com maior capacidade de raciocínio da natureza.
           É no mínimo curioso imaginarmos um humano vivendo em estado selvagem. Para satisfazer a curiosidade, com uma breve pesquisa é possível o acúmulo de diversas informações sobre casos semelhantes ao proposto por Durkheim.

           O primeiro é o interessante caso de Kaspar Hauser, que viveu na Alemanha. Hauser quando jovem foi criado absolutamente isolado. Seu único contato com humanos era com alguém, que diariamente o alimentava. Com sua falta de socialização, Hauser não desenvolveu a habilidade de se comunicar verbalmente, ou, principalmente, de forma escrita. Entretanto após aproximadamente 15 anos de reclusão o garoto foi deixado na praça principal de uma grande cidade alemã, com apenas uma carta na mão que continha uma breve explicação sobre sua história. Após viver na cidade, e poder entrar em contato com outros humanos Hauser passou a aprender a se comunicar e a progressivamente se portar como os demais moradores da cidade. Este caso foi muito divulgado pela a Europa, e ganhou notoriedade com o filme alemão “O Enigma de Kaspar Hauser” (Jeder für sich und Gott gegen alle), de Werner Herzog, de onde foi retirada a foto do início do texto.

          O segundo caso é mais recente, é o caso de Oxana Malaya, a “garota cachorro”. Ela teria vivido dos três aos oito anos, em uma matilha, onde teria se desenvolvido físico e mentalmente. Com o passar do tempo ela foi reinserida na sociedade, porém mesmo hoje, com vinte e oito anos ainda guarda resquícios de seu desenvolvimento canino.

          Estes casos, de certa forma, confirmam o princípio de Durkheim, que o homem seria um animal socializado, e mais que isso, cria um questionamento sobre a verdadeira “supremacia” do homem em relação aos outros animais, se não conseguimos nos desenvolver sem o exemplo de um semelhante. Este pensamento é muito válido nos dias de hoje, em que a questão ambiental é discutida com tanta freqüência. Se os homens dependem de si para se desenvolver, da mesma forma que a grande maioria dos outros seres vivos, por que razão deveriam ser considerados soberanos ante as demais espécies, quando se trata da utilização dos recursos naturais?


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