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domingo, 27 de junho de 2021

OS ANOS PASSAM, MAS O RACISMO PERMANECE


   São notórias as desigualdades existentes no Brasil e diante dessa realidade a última palestra da XI jornada de direito, com a ilustre presença dos professores Juarez Tadeu e Dagoberto José Fonseca, debateu questões fundamentais sobre a politica de cotas e seu contexto histórico. Diante disso, esse texto procura divulgar os principais aspectos abordados e também os exemplificar, para mostrar que em nosso país ainda existem preconceitos e desigualdades históricas originadas de um passado no qual o homem branco detinha o poder sobre os outros.

   A implementação das cotas foi tardia no Brasil e teve o objetivo de resolver o problema do abismo existente entre a população no contexto social e racial, porém com essa revisão fica evidente que seu objetivo não foi atingido. Sob essa conjectura, o fato desse objetivo não ter sido alcançado se deve a um racismo sistêmico, proveniente de condições históricas que sempre consideraram os negros como ‘’não humanos’’ e os trataram como animais e mercadorias em diversos momentos da humanidade. Infelizmente ainda existem pessoas que, propositalmente ou não, criticam as cotas e até mesmo os inúmeros dados e notícias que diariamente escancaram a realidade preconceituosa e desigual existente no Brasil.

   A fim de comprovar a existência da grande desigualdade e preconceito, já relacionando com o método de Descartes de que só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de dúvida indubitável, a recente pesquisa realizada pela Folha de São Paulo expõe que 70% dos presos inocentes no Brasil são pretos e pardos. Indubitavelmente, em um ponto de vista mais jurídico-social, a influência desse racismo estrutural é notória tanto na carência de leis com o intuito de reparar o problema quanto nas experiências vivenciadas por negros cotidianamente, nas quais são submetidos a olhares preconceituosos e até mesmo abordagens violentas.

   Nesse processo de busca por uma maior igualdade muitos colocam-se contra a implementação de políticas de ação afirmativa como as cotas, alegando a questão da meritocracia, porém é difícil levantar essa ideia em um país tão desigual quanto o Brasil, no qual apenas cerca de 8% de negros atingem o ensino superior. Dessa maneira, relacionando com a análise de falsas noções feita por Francis Bacon, a meritocracia se torna um ídolo da tribo devido ao fato das pessoas que utilizam esse argumento estarem generalizando os casos favoráveis, como a questão de o Pele ser negro e bem sucedido na vida, mas na realidade omitem os casos desfavoráveis, que são muitos os exemplos como os dados apresentados acima nesse texto.

   Portanto, se essa revisão for mesmo feita deve reforçar e aprimorar ainda mais as questões político-afirmativas raciais, visando a ruptura nessa segregação e tendo como consequência mais negros no ensino superior, maior valorização e um pensamento critico maior sobre essas questões. Ademais, como dito pelo professor Dagoberto, essa luta é de TODA a sociedade brasileira, tanto negros quanto brancos, necessitando que esses últimos entendam sua condição de privilegio existente devido ao passado.

Guilherme Rufino Chaves

1°noturno / turma XXXVIII

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