Entre injustiças históricas e disparidades sociais
O Brasil existe como sociedade racista desde os seus primórdios, em que se utilizava a mão de obra negra escravizada e não tratava esses indivíduos como humanos, mas sim como mercadorias. Em 1888 ocorre a abolição da escravatura, com a Lei Áurea, porém, as condições dos negros não melhoram em nosso país, pois o racismo já estava impregnado em nossa sociedade. As melhores oportunidades de trabalho e de acesso a capital econômico, social e cultural sempre foram dos brancos que formaram uma classe dominante em relação a população negra. É com o objetivo de reduzir essa desigualdade, que surge a política afirmativa de cotas, que procura a equidade racial. O problema, no entanto, é que essa política, implantada somente no ano de 2012, não corrige as injustiças históricas cometidas contra os negros ao longo dos anos.
A política afirmativa de cotas é uma tentativa de inclusão das pessoas negras subjugadas e de proporcionar acessibilidade a elas ao ensino de qualidade. Dessa forma, entende-se tal política como uma experiência social, com finalidades práticas. Sendo assim, as cotas enquadram-se no discurso de René Descartes como parte da ciência social moderna, pois promovem a mudança e transformação na sociedade vigente. Para Descartes o pensamento e o conhecimento não devem existir somente para a contemplação, mas sim para a contribuição para o mundo e para o bem do homem e a política de cotas promove, dentre outros benefícios, a melhoria das condições de vida da população negra.
Outro problema relacionado à essa política afirmativa é a falta de aceitabilidade dela na população no geral. Existe na sociedade a ideia de que as cotas serviriam para favorecer a população negra, dar-lhes uma vantagem competitiva. No entanto, os defensores dessa visão esquecem-se de que existe uma desigualdade histórica em que durante muitos anos a população negra era marginalizada e não detentora do acesso ao ensino de qualidade, o que torna a política de cotas uma tentativa de equiparação, não uma forma de vantagem. Nesse sentido, a política afirmativa em questão deve ser aprimorada e mantida até quando as marcas do racismo persistirem.
Bianca Crivelaro
Perfeito, Bianca, os que criticam essa política ignoram o genocídio dos índios e negros.
ResponderExcluir