Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 27 de junho de 2021

Cotas raciais no Brasil: o poder é de quem e para quem?

 “Saber é poder”. Essa foi a frase dita pelo filósofo Francis Bacon, um dos expoentes da ciência moderna. E de fato, os detentores do saber usam isso a seu favor, deixando-o concentrado na mão de poucos. Nessa perspectiva, a Revolta da Vacina pode ser considerada como um dos momentos onde isso ocorreu, pois os governantes usaram do pretexto da vacinação –que é sempre muito importante- para expulsar as camadas mais pobres do Rio de Janeiro da região central onde viviam. A vacina seria benéfica para todos, mas com a falta de informações e a não divulgação delas completamente influenciaram no decorrer desse caso, o que de certa forma ajudou o governo, pois ele reurbanizou aquela área para os burgueses.

Dessa maneira, as populações afetadas nesse período foram as da periferia, que é composta principalmente de pretos e pardos. E não foi a única vez que isso ocorreu. A marginalização dessas pessoas acontece desde o Brasil colonial, e poucas medidas efetivas foram tomadas para alcançar a equidade. E uma dessas medidas foram as cotas, que permitem que pessoas negras e pardas consigam entrar em faculdades. Porém, essas ações afirmativas, que tiveram como molde os Estados Unidos, ainda não são suficientes para acabar com a desigualdade social, isso porque o Brasil é o país que mais possui negros fora da África, e usar os EUA, que nem chegam perto disso, torna a medida um pouco ineficaz.

Portanto, é consensual que a Lei de Cotas ajuda nesse processo de desigualdade, apesar de tudo, e uma revisão dela seria importante para melhorá-la, mas em tempos de governos conservadores, negacionistas, meritocráticos e preconceituosos, é de se esperar que eles visem o desmonte dessas ações afirmativas. E isso seria de um retrocesso gigantesco. Assim, se de acordo com a teoria de Bacon, de que a razão, em conjunto com as experimentações, é que se chega ao conhecimento, como podemos deixar que todo o desenvolvimento teórico do país seja pautado na visão e vivência dos homens brancos, cis, héteros e de classe média-alta? No mínimo seria um tanto desastroso e antiquado. Todos nós possuímos a capacidade de desenvolver nossa razão, também, pois ela é inata, segundo a teoria de Descartes, mas para conseguir alcançar esse estado mencionado pelo filósofo é preciso ter acesso aos conhecimentos já postulados, se distanciar do senso comum, das superstições, assim como, as questões sociais existentes até os dias atuais permeadas ao preconceito e aos demais obstáculos inclusos com relação à população negra.


Lívia Maria M. Bonifácio, turma XXXVIII, diurno

Nenhum comentário:

Postar um comentário