Quem primeiro nos educou?
A educação que molda
nossa forma de ver, sentir e estar no mundo. No sentido adotado por Durkheim ,
é ela que introduz nossos valores e nos prepara para a vida em sociedade. Com
ela temos a cultura , fato social que nos toma em seu contexto como atores
delimitados à sua esfera. Mas qual a origem da cultura?
Se compararmos cultura
à educação teremos educadores primitivos, os que inventam a cultura, sendo esta
fruto de algo anterior, pois ela não deriva do nada. Um exemplo cultural é o
funk de periferia que derivou do funk soul, música negra americana. Ambas
frutos da marginalidade social, esses estilos musicais surgiram da
materialidade da vida nas periferias, a resistência à cultura dita erudita, a forma
de linguagem , que retrata o comportamento de um determinado grupo, são
exterioridades de uma forma real de vida.
O RAP se encaixa nesse
contexto ao denunciar a realidade de determinadas áreas periféricas. O
cotidiano violento proporcionado pela
escassez de recursos materiais e pela ação violenta do Estado são
denunciados em letras como a dos Racionais MC´s, Sabotagem entre outros.
Saindo do aspecto
musical, encontramos culturas de determinadas localidades geográficas, como a
do caipira do interior de São Paulo que constroí sua cultura partindo de
práticas necessárias de seu cotidiano, utilizando-se de linguagens simbólicas,
assim como outras culturas, para explicar certas subjetividades.
Partindo da ideia
werberiana, a cultura cria a realidade social. Seguindo esse ponto de vista a
cultura criaria as condições sociais existentes. Um exemplo está no âmbito
legislativo. A Lei antifumo que proíbe o uso de produtos fumígenos em locais
fechados. A lei entra como uma modificadora de hábito. Ao colocar certas práticas
na ilegalidade a mesma transforma a percepção social diante de certas práticas,
ideologia da legalidade.
O conceito de Weber
está certo ao afirmar que a cultura
potencializa determinadas tendências da materialidade, porém deixa vago quando
afirma que a cultura cria a materialidade.
O exemplo da lei
antifumo demonstra: para existir o hábito de fumar deve existir determinadas
circunstâncias que o levaram a fumar, condições materiais, uma vez que não se
pode fumar cigarro de tabaco sem tabaco, e que não se pode imaginar a
existência do tabaco para depois fumá-lo.
O conceito de cultura
encaixa-se ao de ideologia, segundo o ponto de vista marxiano. Ela seria a
educação, educaria o ser humano de acordo com o modo de vida dominante. Com
essa ideia a cultura legitimaria aquilo
que a “classe dominante” quisesse. A
aculturação dos indígenas aplicada nas américas exemplifica o uso da cultura
como ferramenta de um grupo dominante.
A importância da
educação é fundamental, porém não explica a sua origem, deixando-a no plano das
ideias , assim como a “norma hipotética” de Hans Kelsen, que ao explicar que a
norma positivadas são o jurídico e que a constituição é a lei máxima, que surge
não do embate social, mas de “princípios ideais. Para que se exista uma educação
é preciso existir um educador e esse educador deve ter sido educado, caindo
assim num círculo vicioso que não se resolve.
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