Há séculos
atrás emergia uma classe até então desconsiderada no âmbito político-social: a
burguesia. Comercializavam e ganhavam poder econômico e, por sua vez, ansiavam
pela ascensão sociopolítica. Sem demoras (pouco mais de três séculos), tal
classe se impôs, afirmou-se como dominante e desde então seu modelo de vida se
alastrou e se reproduziu em âmbito global. O sistema (im)posto pela burguesia
revolucionária o século XVIII obtém peculiaridades que o sustêm forte dentre
elas: a capacidade de se adaptar, seja pela elaboração de burocracias, seja por
sua própria natureza e sua inconfundível maleabilidade. Tal sistema político e
econômico denominou-se capitalismo.
Mas de onde viera
o vigor para tal transformação? Weber se absteve das visões puramente
materialistas e classistas dos estudos de Marx; buscou nas minúcias entender as
origens da cisão histórica trazida pela referida ascensão. Analisando toda a
conjuntura da época, a fragilidade, a impotência dos burgueses concluiu que a
mudança tivera origem nas mudanças culturais. Em se tratando de século XV-XVI
não havia dúvidas sobre a instituição a ser estudada. Nesse sentido, buscou na
história da religião uma mudança comportamental que pudesse aproximá-lo da
resposta. A mudança em questão é a reforma protestante pioneira de Lutero e
seguida por João Calvino. Weber vê em Calvin o protagonista da mudança.
João Calvino
fornecia um novo olhar à ética religiosa do momento. Iniciou uma linhagem que
via sinais de bênção na vida do homem a partir de suas posses. Tal fato ganhou
a apreciação do Rei e a ascensão burguesa consolidou-se desde então. Weber
abriu uma leitura inovadora dos textos de Marx (reduzidos ao materialismo
histórico e a incessante lutas de classes).
Ao que tudo
indica, Weber acerta em trazer à tona o papel da cultura na transformação
rápida impulsionada pelos burgueses e consolidada com a Revolução Francesa de
1789. Tal ruptura seria improvável se destituída de autocontrole (característica
inerente à religião).
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