Estandardizar ou singularizar?
O homem, analogamente aos
animais, possui seus impulsos instintivos. A distinção entre ambos dá-se no quesito
racionalidade. As ações animalescas embasam-se em sensações, apetites e
instintos naturais e inexiste uma preocupação com as variantes consequências do
ato. O ser humano contrapõe-se a essa realidade, uma vez que suas ações são
guiadas – de forma consciente ou inconsciente- por uma rede complexa, na qual
incluem-se afeições, tradições, valores...
Devido a essa complexidade
humana, Max Weber procura desvencilhar a Sociologia de conceitos uníssonos.
Essa ciência deve objetivar apenas retratar a realidade, ocasionando o aumento
da criticidade do ser que a utiliza. Afinal, é essa pluralidade das ciências sociais
que permitem um acúmulo de conhecimento preponderante se comparado à ciências
nomológicas, presas aos grilhões das leis, regras fixas. Destarte, o conceito
sociológico de Weber confronta-se com o materialismo dialético, porquanto
credita a importância nas conexões de sentido que cada indivíduo dá a ação social,
e não a classe.
Empenhar-se em estudos históricos
por vezes acarretam em interpretar o homem como mero sujeito de uma dinâmica
histórica, com leis imutáveis. Todavia, Weber considera essa ideia enfadonha,
pois assemelha o homem a um mero objeto de dogmas. E noções dogmáticas devem
nortear religiões, e não a ciência humana. Weber vê o homem como um ator
histórico, cujas ações divergem de padronizações. Estabelecer um “dever ser” das
ações acaba por gerar um aprisionamento da consciência real e única de cada
homem.
Nessa diapasão, as reflexões de
Weber acerca da padronização do ser humano são cabíveis a uma gama de
momentos históricos, principalmente nos tempos atuais. O fenômeno da globalização,
ao tornar os habitantes do planeta mais próximos entre si acabou por
influenciar na massificação de pensamentos, de ações. A indústria cultural pode
ser apontada como a principal força motriz para tal. Existe uma convivência
diária com uma ditadura do “tipo ideal”, pois a cobrança de encaixe nos padrões
considerados convenientes é constante. Mas a sociedade compõe-se de múltiplas
particularidades, estandardizá-las é ignorar a unicidade e o poder de cada ser.
“Poder é toda chance, seja ela qual for, de impor a própria vontade numa
relação social, mesmo contra a relutância dos outros.” (WEBER, Maximilian Karl Emil).
Daniele Zilioti de Sousa - Direito Noturno
Daniele Zilioti de Sousa - Direito Noturno
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