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domingo, 12 de agosto de 2012

Liberdade ou exploração?


"A democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada,
 condicionada, amputada."
Desde a antiguidade, a classe dominante procura meios de alienar os explorados, de forma que estes não adquiram uma consciência de classe e, consequentemente, não aspirem à tomada de poder. Para isso, sempre se utilizou de um discurso völkisch aliado a uma pretensa democracia.
Assim ocorreu com a República Romana, que alegava ser democrática quando, de fato, era predominantemente demagógica. Para “calar” o povo, utilizavam-se da política “panem et circenses”, concedendo a ele espetáculos popularescos, que traziam à tona o id de cada espectador, aliado à distribuição de alimentos. Dessa forma, criam evitar sublevações populares e garantir a manutenção do poder. Contudo, a República Romana conheceu seu fim em 27 a.C., contendo em seu âmago as revoltas populares.
Na contemporaneidade, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, essa tentativa de alienação não se faz de modo diverso. Na década de 30, por exemplo, transmitiam-se nos cinemas norte-americanos os “Três Patetas”, exemplo de comédia pastelão que, mais uma vez, se valia de um discurso völkisch. Ao tentamos estabelecer um paralelo sobre a criação desse grupo e o momento histórico, percebemos que, concomitantemente, estava ocorrendo nos EUA o pior colapso econômico do século XX: a crise de 1929. Assim, é possível concluir que o que via-se nos cinemas era nada mais do que outra tentativa de alienar os cidadãos. Esses, percebendo haver gente mais desgraçada, riam e pareciam se conformar com a sua situação.
Não dissonante da lógica dos “Três Patetas”, encontramos os programas televisivos da atualidade, tais como “Programa do Gugu”, que nos mostra quadros onde o apresentador – patrocinado, é claro, por renomadas empresas – ajuda “misericordiosamente” aqueles que não possuem condições dignas de existência e lhes dá, por exemplo, uma casa. Em outros quadros e programas, notamos um latente apelo à propaganda völkisch – que desperta nossos piores preconceitos -, com mulheres seminuas e zombarias a travestis e homossexuais. Isso sem levar em consideração programas sensacionalistas como “Brasil Urgente”, que buscam nos fazer acreditar ser o extermínio dos “indesejáveis” a solução para a criminalidade.
Aliada a essa estrutura popularesca dos meios de comunicação, encontramos mais uma vez a pretensa democracia, na qual o Estado utiliza a lógica do “pão e circo” – em sinal digital! – e dá ao povo condições mínimas para que não pensem em se rebelar, enquanto seu dinheiro vai para os bolsos – cuecas e maletas – dos detentores do poder.
Que democracia é essa na qual vivemos? Rousseau já defendia ser a democracia representativa ineficaz para expressar a vontade geral. Heller, por sua vez, afirmava que a democracia atual é, antes de tudo, um meio de dominação e não uma forma de libertação do Homem, porquanto a única igualdade existente é a formal. Pode ser nomeado de democracia o poder do povo unicamente de escolher representantes, enquanto as verdadeiras decisões estão sendo tomadas no âmbito das organizações internacionais?
Heller, conquanto, defendia que quando a população percebesse o que ocorre hoje na democracia, não hesitaria em aspirar ao socialismo. Os dominantes se enganam ao acreditar que as armas utilizadas por eles com o escopo de legitimar seu poder não podem ser usadas também pelos explorados.
Assim, o papel dos formadores de opinião é conscientizar o povo do que está ocorrendo, utilizando-se para isso das ferramentas burguesas, como os meios de comunicação, e unir a força de todos os proletários para que haja a tomada de poder. Como já explicava Marx, isso só ocorrerá quando a burguesia for abertamente a classe exploradora – para isso a conscientização – e, principalmente, quando houver a união dos trabalhadores. Portanto, como já diria Marx, “proletários do mundo todo, uni-vos!”.

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