Para a
cultura judaico cristã, Deus é um ser onipresente, onisciente e onipotente,
criador de tudo o que existe, do céu e da terra, do que se pode ver ou não. O
Gênesis, primeiro livro do Pentateuco judeu e da Bíblia cristã afirma que nós,
seres humanos, fomos feitos por Deus e com Ele nos assemelhamos.
Milênios
se seguiram às narrativas bíblicas e eis que a humanidade se encontrou
novamente face a face com aquele que, sem dúvidas, é o sistema sócio econômico
mais arrojado de toda a história humana: o capitalismo.
Gestado
ainda na pacata sociedade medieval, esse sistema, segundo Marx e Engels, rompeu
as amarras do estamento feudal para, através da luta de classes, estabelecer
nova e mais acentuada opressão entre uma classe e outra. Opressão quase divina,
a ponto de dotar o senhor do capital de um exército de reserva de operários
cujos destinos estão certamente a mercê daquele.
Faz
também esse sistema maravilhas sobre-humanas; faraós, imperadores, reis e
generais, caciques e sacerdotes, prostrar-se-iam todos diante dos feitos que ele
pode gerar; sua tecnologia quase mágica, sua ciência e sapiência colossais, sua
destra modificando com tenaz velocidade o mundo, encantam até os olhos mais
céticos.
Todos
os povos e nações, com maior ou menor dificuldade, talvez por sobrevivência,
talvez por sedução, aceitam essa marca – salvo poucos redutos certamente
fadados a aceita-la um dia. E tudo aquilo que possa brotar na terra, acima ou
abaixo dela, é pelo sistema incorporado e regurgitado como sua cria. Pois ele
fez do universo sua imagem e semelhança: nada pode escapar à rede que serve ao
capital, da religião ao rosto do revolucionário, do alimento à nossa
consciência e forma de pensar. Faz-se presente em todo canto da terra, no meio
de nós, e dentro de cada um.
E por
fim suas ovelhas o seguem, como faziam com seu Deus. Um rebanho de humanos sem
alma, já vendidas, acompanham, impotentes, esse cajado maravilhoso, de um
pastor cuja vida jamais seria entregue em nome de suas crias.
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