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domingo, 12 de agosto de 2012

O homem que convencia.


  Karl Marx mostra-se não somente um excelente historiador e sociólogo, como também um brilhante argumentador. Uma prova de sua impressionante força argumentativa e de convencimento encontra-se na obra “O Manifesto Comunista”, onde ele facilmente leva o leitor mais impressionável a se convencer por suas ideias.

    O talento de Marx é inegável e muitos dos “fatos” discorridos em tal obra mostram-se existentes quase cento e trinta anos após a execução desta. Marx, ao invés de se acomodar aos problemas sociais de sua época, formou uma visão clara e ampla da sociedade em que vivia. Ele discorre sobre os problemas sociais e econômicos vividos pela massa miserável do século XIX de uma forma direta a assustadoramente verdadeira.

             O sofrimento em que se encontrava a classe operária da Europa naquele século era inegável, e Marx direciona a responsabilidade de todas as mazelas daquela sociedade para a então rica e ascendente classe burguesa. Em “O Manifesto Comunista” ele responsabiliza diretamente a burguesia por uma exploração aberta, imprudente e brutal, por arrancar da família o seu véu sentimental, por alterar constantemente as relações sociais, por arrastar todas as nações para a sua “civilização”, por impor o modo de produção burguês, entre outras atrocidades sociais.

            É inegável que a burguesia do século XIX vivia em plena busca de poder e riqueza cada vez maiores, independente do que fosse necessário para que este desejo se concretizasse. Marx, entretanto, referia-se a esta classe como se ela existisse em uma organização, uma associação ou até mesmo uma empresa que, depois de muito pensar, seus membros organizadamente conduzissem toda a sociedade à situação desejada. Como se os vários burgueses da Inglaterra marcassem uma reunião e nela eles decidissem que iriam, por exemplo, acabar com as relações afetivas da família proletária pois esta, a partir de então, passaria a ter uma relação plenamente comercial entre pais e filhos, entre esposa e marido.

             A classe burguesa era, sim, altamente exploratória, mas o texto marxista não enxerga que muitas das mazelas então geradas na sociedade do século XIX acorreram devido a um processo natural, e não são derivadas de uma ação burguesa previamente pensada. Na ânsia de acusar a burguesia, Marx esquece que é da própria natureza humana a sede por poder e conforto, que esses, quando obtidos, são ainda mais buscados.

         Muitos dos marxistas da atualidade, por exemplo, proclamam o texto do Manifesto como os apóstolos proclamavam a palavra de Jesus Cristo, mas os primeiros, ao mesmo tempo em que se afirmam comunistas, não abrem mão de seus tênis de marcas caríssimas, de sua Coca-Cola e muito menos de seus celulares I-Phones. Eles pregam a igualdade enquanto tentam se destacar dos demais por fatores estritamente econômicos.

                Karl Marx não parou para pensar que, ao se concretizar o comunismo, o mesmo processo de busca por dominação de um homem sobre o outro poderia se instalar por vários outros meios? Dentro do próprio socialismo, algumas classes (quem sabe as mais próximas dos próprios líderes revolucionários) não poderiam ser mais privilegiadas do que as outras? Este fenômeno não foi muito raro em países como a Rússia Soviética e a Cuba de Fidel Castro.

     O socialismo Marxista é, sim, uma teria linda. No papel.

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