Karl Marx mostra-se
não somente um excelente historiador e sociólogo, como também um brilhante
argumentador. Uma prova de sua impressionante força argumentativa e de
convencimento encontra-se na obra “O Manifesto Comunista”, onde ele facilmente leva
o leitor mais impressionável a se convencer por suas ideias.
O talento de
Marx é inegável e muitos dos “fatos” discorridos em tal obra mostram-se
existentes quase cento e trinta anos após a execução desta. Marx, ao invés de
se acomodar aos problemas sociais de sua época, formou uma visão clara e ampla
da sociedade em que vivia. Ele discorre sobre os problemas sociais e econômicos
vividos pela massa miserável do século XIX de uma forma direta a
assustadoramente verdadeira.
O
sofrimento em que se encontrava a classe operária da Europa naquele século era
inegável, e Marx direciona a responsabilidade de todas as mazelas daquela sociedade
para a então rica e ascendente classe burguesa. Em “O Manifesto Comunista” ele
responsabiliza diretamente a burguesia por uma exploração aberta, imprudente e
brutal, por arrancar da família o seu véu sentimental, por alterar
constantemente as relações sociais, por arrastar todas as nações para a sua “civilização”,
por impor o modo de produção burguês, entre outras atrocidades sociais.
É
inegável que a burguesia do século XIX vivia em plena busca de poder e riqueza
cada vez maiores, independente do que fosse necessário para que este desejo se
concretizasse. Marx, entretanto, referia-se a esta classe como se ela existisse
em uma organização, uma associação ou até mesmo uma empresa que, depois de
muito pensar, seus membros organizadamente conduzissem toda a sociedade à
situação desejada. Como se os vários burgueses da Inglaterra marcassem uma
reunião e nela eles decidissem que iriam, por exemplo, acabar com as relações
afetivas da família proletária pois esta, a partir de então, passaria a ter uma
relação plenamente comercial entre pais e filhos, entre esposa e marido.
A
classe burguesa era, sim, altamente exploratória, mas o texto marxista não
enxerga que muitas das mazelas então geradas na sociedade do século XIX
acorreram devido a um processo natural, e não são derivadas de uma ação
burguesa previamente pensada. Na ânsia de acusar a burguesia, Marx esquece que
é da própria natureza humana a sede por poder e conforto, que esses, quando
obtidos, são ainda mais buscados.
Muitos
dos marxistas da atualidade, por exemplo, proclamam o texto do Manifesto como
os apóstolos proclamavam a palavra de Jesus Cristo, mas os primeiros, ao mesmo
tempo em que se afirmam comunistas, não abrem mão de seus tênis de marcas
caríssimas, de sua Coca-Cola e muito menos de seus celulares I-Phones. Eles
pregam a igualdade enquanto tentam se destacar dos demais por fatores
estritamente econômicos.
Karl
Marx não parou para pensar que, ao se concretizar o comunismo, o mesmo processo de
busca por dominação de um homem sobre o outro poderia se instalar por vários
outros meios? Dentro do próprio socialismo, algumas classes (quem sabe as mais
próximas dos próprios líderes revolucionários) não poderiam ser mais privilegiadas
do que as outras? Este fenômeno não foi muito raro em países como a Rússia
Soviética e a Cuba de Fidel Castro.
O socialismo
Marxista é, sim, uma teria linda. No papel.
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