O pensamento científico, durante muitos anos, foi se
desenvolvendo e se adaptando, trazendo novas perspectivas aos pesquisadores, e
algo fundamental no pensamento moderno é a convicção de que as certezas dos
resultados de uma pesquisa podem mudar conforme o experimento é
questionado, e assim chegar mais perto
da verdade a cada tentativa,tornando fundamental entender que, o que parece ser
uma solução hoje, pode se tornar obsoleto amanhã.
Citando o dramaturgo e romancista irlandês George
Bernard Shaw ‘’A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros
dez.’’ trazendo a reflexão de que, existem muitas variáveis em um experimento
científico,e que durante o processo muitos outros questionamentos podem
interferir na solução.
Desse modo, a ciência sempre pode, e deve ser contestada, a
fim de chegar em resultados cada vez mais adequados a temporalidade, todavia, é
preciso entender quais são as fontes capazes de refutar teses e trazer novos
resultados, já que todos podem contemplar a ciência, assim como o dramaturgo,
mas produzir pesquisas verídicas capazes de contrapor argumentos da mesma
natureza devem ser realizados por entendedores do assunto, e não por
especulações vazias de conteúdo verificável.
Aparentemente este fato não é de consenso geral na sociedade
brasileira contemporânea, que em relação a pandemia da COVID-19, demonstrou
resistência aos fatos apresentados pelos cientistas. O presidente do país,
outros agentes do governo, e uma porcentagem considerável de civis, se opôs a
efetividade da quarentena, que foi apresentada como elemento primordial para a
contenção da contaminação em massa pela Organização Mundial da Saúde.
Entretanto, é de se questionar a necessidade dessas
oposições, já que se realizarmos a primeira etapa do método científico, a
observação,procedendo com a análise dos fatos, como o número de mortos no país
até o momento comparado com o de outros países que realizaram uma quarentena
rígida,é de se perceber que os pesquisadores, a OMS e o Ministério da Saúde tem
propriedade em suas recomendações.
Enquanto é correto de certa forma, questionar todas essas
entidades acerca das medidas emergenciais e outros assuntos ligados a COVID-19,
devemos questionar também qual é o embasamento das pessoas, principalmente das
figuras políticas, que contradizem todas essas medidas, enquanto de um lado
temos estudos sendo realizados em todas as áreas do conhecimento, opostamente
temos suposições com fundamentos fictícios em crenças pessoais sobre uma
invasão comunista.
Ainda que, em alguns anos, as afirmações feitas por
pesquisadores sobre o coronavírus se tornem antiquadas, elas serão contestadas
por princípios teóricos, que terão passado por análises, hipóteses e
experimentações, e não achismos com procedência em interesses políticos.
Portanto, como sociedade, é de nossa responsabilidade
entender até que ponto pessoas de grande influência, como o presidente, tem
autonomia de conhecimento para questionar medidas da OMS, depositando suas
concepções advindas de seu próprio imaginário na população. Inquirir, qual a
linha tênue entre liberdade de expressão e a responsabilidade de ser uma figura
pública seguida por milhões de pessoas, e com esses questionamentos talvez,
ocasionar em uma decisão mais sábia na escolha dos nossos representantes
políticos no futuro.
Talita B. 1 ano Direito Matutino
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