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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Compreensão do passado para entender a importância de não se contrariar a ciência em épocas de pandemia


  A ciência sempre teve como principal foco a construção do conhecimento pautado na compreensão dos fenômenos e nas experiências, é ela que tem o intuito de ir além das crenças e saber como as coisas realmente são, é a partir das pesquisas produzidas pela ciência que o ser humano atualmente supre uma necessidade que Aristóteles já afirmava;  “Todo homem deseja naturalmente saber”, ou seja, a necessidade de entender. É importante considerar no momento atual, que em todos os reveses na história da humanidade, a ciência sempre esteve presente como forte aliada a fim de se resolver os problemas, a exemplo de meados de 1900 quando o médico e cientista Oswaldo Gonçalves Cruz, teve que realizar no Brasil uma campanha sanitária de combate às principais doenças da capital; febre amarela, peste bubônica e varíola. No contexto da época, os órgãos públicos foram extremamente necessários na ajuda ao combate das doenças, Oswaldo utilizou principalmente o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio técnico-científico para a realização de campanhas de saneamento, e em poucos meses os índices das doenças diminuíram. O médico enfrentou diversas reações populares que desacreditavam da ciência, contudo as pesquisas e as ações públicas produzidas por Oswaldo se mostraram extremamente eficazes para conter as epidemias.
  Hoje, o mundo enfrenta uma pandemia, o Covid-19 já matou cerca de 1.532 pessoas no Brasil e mais de 110.000 no mundo, e mais uma vez a ciência aponta-se como a principal chance de conter o cenário de calamidade. De acordo com o pensamento científico, as medidas de isolamento social são a maior via, por enquanto, para conter o aumento no número de casos do corona vírus, sendo que já se mostrou eficiente em outros países. Entretanto, como já demostrado acima, não é de hoje que as pessoas duvidam da ciência. O direito a liberdade de expressão, de não acreditar, de questionar é um direito individual a qual todos os cidadãos possuem, e são a base para um estado democrático. Todavia, a partir do momento em que se vive em sociedade, as responsabilidades são coletivas e não individuais, portanto, um ato que uma pessoa tenha de quebrar o isolamento social, por não acreditar nas palavras dos médicos, pode colocar em risco não apenas a vida dela como também a de outros cidadãos, logo, utilizar a liberdade de expressão como pretexto para contrariar dados científicos é ilegítimo, pois contestar a ciência agora é agir irracionalmente, é não visar o bem coletivo, e acima de tudo, é não ter uma posição democrática com a sociedade e sim uma posição egoísta e individualista.
  Ao analisar as bases do pensamento moderno, Francis Bacon, filósofo empirista, propôs o conceito de “ídolos”, ou seja, falsas noções da realidade que impedem o acesso a verdade. Analogamente ao pensamento de Bacon, os discursos sobre essa situação de calamidade realizados pelo presidente da república, Jair Bolsonaro, que influenciam parte considerável da população brasileira, se aproximam do conceito de “ídolos”, haja vista que as declarações feitas pelo presidente não tem fundamento cientifico, muito pelo contrário, seus discursos menosprezando os efeitos do corona vírus, foram encarados como uma ameaça a saúde pública pela Organização Mundial da Saúde. Nesse contexto, ainda é valido lembrar que Descartes, filósofo racionalista, acreditava que a razão, ou seja, o bom senso, é uma propriedade intrínseca ao ser humano e por isso as pessoas conseguiam determinar o que é certo e errado. A população mundial precisa, nesse momento, usar da razão e se questionar se seus atos estão de acordo com o bom senso e se estão tendo uma posição democrática diante a pandemia.  
  Basta olhar outros episódios na história, não é surpresa que as pessoas acham que a ciência não é importante, talvez isso seja um reflexo da falta de instrução da população, ou uma consequência da elitização da ciência no Brasil. Entretanto, foi a própria ciência que salvou a maioria das crises na história da humanidade e apesar do governo brasileiro não incentivar a população a acreditar nas pesquisas, são elas juntamente com os pesquisadores, “a balbúrdia”, que mais uma vez são a esperança do mundo, é preciso diante desse cenário que a população passe a viver sob as luzes da razão e não caia em palavras falaciosas de quem não tem uma visão humanista.  




Maria Clara Ramos Okasaki - Diurno - 1ºano Direito

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