Certamente nunca passei por tempos de tamanha confusão. Mas, no âmbito de concretizar o que tenho sentido, chamarei isso de desamparo, com toda a força que carrega essa palavra. É como olhar ao redor e encontrar o meu profundo vazio. É estar diante de um abismo de desinformação, que desafia limites para aprofundar-se mais e mais, intensamente.
Parece na verdade que ando sozinho e não tenho mais ninguém.
Mas a verdade é que tudo ainda está aqui. A enorme novidade é encarar-me de modo quase compulsório. Assim: apagaram a luz com que tinha a coragem de enxergar o mundo. E então?
Estou avançando, aumentaram-se as distâncias. Percebo infinitos nos pontos e traços. E me assusto com o mais humano que aqui cresce e se espalha na escuridão. É lidar comigo diretamente.
Mas também perceber que lidar comigo sempre carrega o outro: é necessário senti-lo e percebê-lo na distância. Então aproximar-se com os meios possíveis, corajosamente. No outro reside minha experiência. Preciso juntar-me para conseguir entender o caleidoscópio da realidade, seu tecido crescendo em camadas.
Um tecido social ferido, ensimesmando-se. Algum tom de antipatia ou antiética. Medo. Mas o mais escuro abismo é esquecer a ciência e desprezá-la. Tempos difíceis. Certamente haverá outro amanhã e mais discussão. Contar-se-ão dias, seguiremos distantes e em rumo a algum objetivo.
Mas agora é sobre todos. É sobre o mundo e sua luta. É quase uma história a ser escrita a partir dos porões do existir humano. E é sobre sacrifícios para evitar um mal à nossa frente, estampado em cores escuras e esfumaçadas.
Na minha busca tenho ainda a coragem de unir-me só, refletir papéis.
O abismo é a desinformação e falazes ideologias. A capacidade de destruição de simples coisas é infinita nesses tempos. Fortalece-se na dor e se espraia na absurdidade do homem.
Mas em tempos difíceis, permitimo-nos ao absurdo. Mais ainda a nós mesmos. É uma busca de mim ao outro, recíproca em necessidades. E a ciência é a essência da luz, necessária ao caminho que se deverá delimitar à frente; e sempre, aos limiares do tempo. Não apenas em seu caráter social de trazer à tona informações concretas e relevantes, como em seu vasto método, desenvolvido ao longo dos séculos e verdadeiramente uma ferramenta à compreensão sensata do mundo. Longe de quaisquer falácias e discursos efêmeros, levando-nos a uma solução.
Calma, lenta. Será gradual e pura a nossa descoberta, fruto de longo caminho.
Esse período é todo, vejo eu agora, sobre construir legítimos amparos.
Lucas Rodrigues Moreira, Direito Matutino 1º semestre
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