Não é de hoje que o Brasil vem passando por uma crise. Tempos de instabilidade abrem espaço para pensamentos e ideias radicais. Nesse contexto, também é comum o surgimento de ídolos. Assim, o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, conseguiu se consolidar como salvador da nação.
Anteriormente à pandemia, seus ideais já eram retrógrados e já negavam a ciência. Além de, muitas vezes, serem sustentados por fake news. Atualmente, a situação acabou agravando.
Jair Bolsonaro não faz segredo da sua descrença no potencial do Covid-19. Ele afirma veemente que não há necessidade de pânico e que é essencial manter a economia funcionando. Nesse contexto, muitos de seus apoiadores saíram às ruas, mais de uma vez, para defender e apoiar o presidente. Essa atitude é completamente irresponsável. Jair Bolsonaro, ao se portar dessa forma, está colocando em risco a vida de milhares de pessoas.
Assim, constata-se um chefe de Estado que coloca-se acima da ciência, e, até mesmo, da Constituição. Recentemente ele afirmou “Eu sou a Constituição”. Isso remete muito ao Absolutismo, no qual o rei se coloca acima de tudo. Bolsonaro acredita que a sua palavra é a única que deve valer e que todo o país deve seguir de acordo com as suas diretrizes. Isso vai completamente contra a Constituição Brasileira e tem gerado um conflito de ideias. O presidente tem atacado abertamente as medidas adotadas contra a doença. Essa situação é muito deprimente e reflete um presidente que insiste em querer governar com plenos poderes.
O maior problema atual dessa situação é a deslegitimação da ciência e dos cientistas e a consequente validação das pseudociências e dos pseudocientistas. Para os pensadores da Idade Moderna fazer ciência é algo sério. Por isso, muitos desenvolveram métodos. Infelizmente, o que ocorre atualmente é a banalização, a generalização e a utilização da sua visão de mundo e de suas experiências individuais como universais. Independente do que a ciência diz a respeito de certo assunto, o que valida uma informação é a opinião individual de cada um.
Ademais, os pensadores modernos também defendem o questionamento. Descartes afirma no Discurso do Método que o questionamento é essencial e que ele mesmo está aberto a receber indagações a respeito de sua ciência. Entretanto, o atual governo traz uma perspectiva totalmente oposta. Jair Bolsonaro transforma seu discurso em uma verdade absoluta. Este não pode ser questionado e aqueles que questionarem serão automaticamente considerados inimigos do governo.
Além disso, a ciência moderna também defende o embasamento e a pesquisa de uma hipótese. No atual contexto opõe-se a isso a insistência do Governo Federal na utilização de cloroquina para tratar o Covid-19 - mesmo que a utilização desta não seja comprovada, nem aceita por grandes órgãos (como a Organização Mundial da Saúde).
Dessa forma, conclui-se que o governo tem agido de forma irresponsável e inconstitucional diante da atual pandemia. Conclui-se também que a atual postura do governo vai contra o pensamento dos filósofos modernos.
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