O filme “O Ponto
de Mutação”, baseado no livro de Fritjof Capra, nos apresenta o diálogo de três
personagens (uma cientista, um político e um poeta) sobre a crise da percepção
e os problemas do mundo. Ao longo da obra nos deparamos com as falhas dos pensamentos
científicos como o de Descartes, Bacon, Newton e entre outros. Percebemos como a visão mecanicista e
fragmentada trouxe problemas para a sociedade, que trata o homem e a natureza
como se fossem máquinas e que lida com os problemas do mundo separadamente, sem
constatar que todos estão relacionados.
Tal ideia
presente no filme esta claramente ligada ao mundo hodierno. Seja a ameaça
nuclear, o problema com a geração de energia, a destruição do meio ambiente, a
fome nos países subdesenvolvidos ou a desigualdade presente em todos os continentes,
todos os problemas então conectados, e tentar resolvê-los separadamente, como é
feito atualmente, não é a melhor opção. Podemos
notar isto na resolução dos problemas no Brasil. Ano passado uma grande
discussão acerca da redução da maioridade penal repercutiu no meio político e midiático.
Identificamos essa forma fragmentada de resolver as questões com os cidadãos e políticos
que apoiavam a redução, pois acreditar que reduzir a maioridade penal para 16
anos reduzirá a violência é olhar para apenas um problema separadamente. A questão
da violência está muito intrínseca em nossa sociedade e tem profunda relação com
o abismo social, portanto colocar mais jovens na cadeia apenas atingiria suas consequências
e não a causa do problema.
A crítica presente
na obra cinematográfica se encaixa perfeitamente na análise que devemos fazer
de nosso mundo contemporâneo. No filme
entendemos que o maior problema da humanidade é a percepção. Precisamos mudar nossa percepção sobre o mundo,
torná-la menos individualista e materialista e parar de usar as tecnologias
para a destruição do meio ambiente. É preciso enxergar mais a conexão entre as
pessoas e entre a natureza e não tratá-las como máquinas e como um sistema
fechado e imutável. É preciso pensar nos problemas como um todo e não em
fragmentos. É preciso um ponto de mutação, e essa mutação é uma nova percepção para
os seres humanos e sobre os seres humanos e a natureza.
Ana Paula Mittelmann Germer- 1º ano direito/noturno
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