Crise
no Brasil: Ponto de Mutação para a política e sociedade brasileira
“A política é uma casa de
espelhos para narcisos”; “A política confunde a todos”; “Os eleitores querem
candidatos mais burros do que eles”: estes são alguns excertos dos diálogos, acerca
do fenômeno político, extraídos do filme Ponto de Mutação, que se baseou em obra
de Fritjof Capra. Contudo, a fala mais marcante sobre tal tema trata da
“política do impossível”, a qual se comprometeria com a informação, o
empoderamento dos cidadãos, para que estes também se sentissem responsáveis
pelos problemas enfrentados por suas sociedades.
Observando o contexto
brasileiro atual, verifica-se a proliferação, em espaços físicos e virtuais, de
manifestações populares contra a corrupção na Administração Pública, a favor ou
contra o PT - Partido dos Trabalhadores, a Presidenta Dilma ou o Ex-Presidente
Lula. Entretanto, este comportamento denota maior engajamento da população
brasileira?
É evidente que não, pois,
caso o país não estivesse também em crise econômica, que tem afetado o padrão
de consumo da sociedade, esta aparente preocupação com a situação política não
se revelaria tão exacerbada. Ademais, sob uma perspectiva sistêmica, também
abordada no filme supracitado, pode-se concluir que o problema da corrupção e
da instabilidade política no Brasil não se limita ao PT e aos seus partidários,
mas sim a uma cultura de corrupção arraigada na sociedade nacional, assim como
a um sistema desgastado de presidencialismo de coalizão, em que o Executivo inferioriza-se
em relação ao Legislativo e, sob o pretexto da governabilidade, engendra-se uma
teia de relações suspeitas entre governo, iniciativa privada, partidos
políticos, parlamentares, elites regionais.
Portanto, não pode ser
considerado engajado, um indivíduo que somente vocifera contra determinado
político ou partido, sem tentar compreender, de maneira holística, os problemas
do país e, principalmente, sem assumir a sua parcela de responsabilidade sobre
eles, o que envolve a não aceitação de “pequenas” corrupções cotidianas, o
respeito aos direitos dos demais indivíduos, o cumprimento de deveres, a defesa
dos próprios direitos, a participação nos mecanismos legítimos de controle
social da Administração Pública.
Para o modelo de “política
do impossível”, idealizado no filme em questão, o contexto de crise no Brasil
deve ser encarado como oportunidade de reflexão e mudança paradigmática, com
efetiva participação popular. Então, torna-se irrelevante apontar culpados,
“caçar bruxas”, vestir vermelho ou preto, posicionar-se do lado do “bem” ou do
“mal”. Premente é a necessidade, independentemente da consumação do impedimento
presidencial, de efetivar a reforma política, avançando-se na discussão acerca de
sistemas eleitorais e de governo, do financiamento eleitoral e partidário, da
fidelidade partidária, das relações entre Executivo e Legislativo, entre
governo e iniciativa privada.
Neste “ponto de mutação para a política e
sociedade brasileira”, além da classe política, deverão assumir papéis
decisivos as universidades e a imprensa. Esta, no tocante ao processo de
esclarecimento da população, o qual não admite vieses, para que possa haver o
efetivo exercício da cidadania, e, aquelas, na compreensão da realidade
sócio-política nacional, o que pode fomentar a propositura criativa de
alternativas ao ultrapassado modelo político brasileiro.
Marcos Paulo Freire - 1º ano - Direito/Noturno
Marcos Paulo Freire - 1º ano - Direito/Noturno
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