Um poeta tem o poder do
mundo na melancolia de suas palavras. Flexibilidade – o traçar de seus
pensamentos o dá. É livre: livre de concepções perpétuas, livre de imposições
ideológicas; livre, principalmente, para pôr em exercício a melhor maneira de
escapar da realidade. E o poeta foge. O poeta foge, pois a ele é dada a
liberdade de romantizar toda e qualquer expressão e, assim, depreende a
carência de perspectiva no mundo.
Não obstante, existe quem,
corajosamente, dedica-se ao setor público. Aquele que vê a vida como uma
coletiva de imprensa sempre à espera de sua opinião. Teria o político a máscara
pública e nada mais? O verdadeiro homem é a fachada, ou por trás do calculista
há um inocente? Há quem diga que, na tentativa de atingir uma mudança efetiva,
acaba por renegar seus princípios morais, inserindo-se no sistema. Mas o
político... O político discorda! É sua essência, diz: nenhum santo sustenta-se
só. Um sistema fundado em pessoas em que o necessário é garantir o acordo sobre
determinadas ações; se derem certo, a ventura prevalece. Justifica que, do
quadro geral, a sociedade só possui fragmentos – deve-se extrair uma realização
dos pontos cruciais, protelando o restante. Tal simplicidade rege a esfera
política: o que funciona é bom. E ponto final.
Somando-se ao campo da
escrita e da administração governamental, aparece o campo das ciências. Neste
caso, a especialista possui uma relevância particular. Vejam o porquê: a cientista,
ensinada a produzir o conhecimento puro e seguir o ideal da pura verdade, não
questiona os princípios éticos, os valores morais – mecanismo de sucesso, visto
que o não questionamento de seu trabalho e a percepção social de deixar o
destino nas mãos de quem, aparentemente, detém tamanho poder é de consentimento
geral. Porém, esta cientista confronta tais fundamentos, estando – inclusive –
em uma espécie de recesso, fazendo moradia em sua torre de marfim. A
problemática do mundo é uma crise de percepção: para seu desespero, os sistemas
atuais só encorajam o intervencionismo. Prevenção! A resposta está na
prevenção! Qual mal cegou a todos diante desta solução?
Um poeta, um político,
uma cientista. Cada qual com uma análise distinta, moldada de acordo com a
experiência de anos e anos transcorridos, na procura da mais simples aspiração
do ser humano: um mundo melhor. Por onde começar? Pensamento ecológico, afirma
a cientista. Sendo o universo feito de harmonias, de relações e conexões, é
preciso compreender o quadro geral.
Perplexo está Descartes,
em algum lugar na dimensão espaço-tempo. Ora, esqueceste tu quem
primordialmente incorporou a visão do mundo, da natureza, como um relógio? Desmonta.
Reduz a várias peças simples e de fácil entendimento. Analisa. Decifra o todo. E
então, uma especialista das ciências irrompe a ideia de que o método é
limitado? Errado? Nocivo? O político faz-se advogado do filósofo em um primeiro
momento. Quem dirá às pessoas o que é melhor para elas? Tu? Mas o pensamento ecológico
se sustenta na mente criadora. O homem seguiu o pensamento de Bacon e torturou
a natureza! A realidade carece de uma compreensão mais firme. A essência da vida
é a auto-organização e a autotranscedência; um sistema vivo se mantém, se
renova e se transcende sozinho.
A cientista propõe uma
nova percepção para a humanidade. O político reflete como colocar as ideias no
plano da realidade. O poeta questiona qual o lugar das pessoas reais, com seus
desejos, suas qualidades e fraquezas.
Os cientistas dizem
quais as metáforas para a vida. Os políticos dizem de que forma deve-se viver.
Os poetas sabem que a vida sente a si mesma.
Isabelle Elias Franco de Almeida
1˚ ano - Direito
(noturno)
Introdução a
Sociologia
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