Os filósofos Descartes e Bacon criticavam a filosofia antiga
por terem uma visão mais contemplativa da natureza, defendendo que esta deveria
ter um fim útil para vida do homem. Assim, a natureza passara a servir os
interesses do ser humano, que, com o passar do tempo e aprimoramento da ciência
e tecnologia, transformara o cenário mundial de forma a contrastar calamidade e
sucesso.
Essa dualidade fica bastante expressa nas reflexões feitas
pelos personagens do filme Ponto de Mutação, principalmente no momento em que a
física Sonia questiona, de certo modo, os valores vigentes no mundo
capitalista, além de afirmar que os problemas do mundo estão interligados, e
que não era possível apenas visar particularidades de cada adversidade no
planeta, tal como o pensamento cartesiano pretenderia.
Ademais, pode-se
notar também uma crítica a experimentação proposta por Francis Bacon, uma vez
que homem passara a usar dela excessivamente para obter “os segredos da
natureza”, desse modo, tentando controlar um macro sistema no qual ele está
inserido com a finalidade de se atingir o que seria o “progresso”, tal como
sugere o político Jack durante a conversação da qual se baseia o longa-metragem.
Assim, por essas indagações e pensamentos, Ponto de Mutação desconstrói
algumas ideias vigentes na época de seu lançamento, 1990, e que transcorrem até
o momento atual em que o capitalismo e suas promessas de modernidade se
solidificaram na maior parte do globo.
Gabriel G. Zanetti - Direito Noturno
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