Leonardo da Vinci, considerado um dos maiores gênios da
humanidade disse em um dos seus textos: “Aprenda a ver. Perceba que tudo se
conecta com tudo”. Essa ideia de interação é justamente a ideia que o filme “Ponto
de Mutação” deseja mostrar – o quão interligado estão todas as coisas que
existem no mundo; os sistemas vivos se
interligam com os não-vivos e como isso
vem sendo esquecido na época pós-moderna e as graves consequências desse
esquecimento.
Numa época regida pela religião, pela magia, alquimia e
cujas únicas verdades eram doutrinas da igreja, pensar o mundo como uma grande
máquina, sistematizar, e não apenas se subordinar á forças místicas da natureza
e de Deus é um dos maiores avanços conseguidos na época. Essa visão mecanicista
foi criada por René Descartes, filósofo que viveu na época moderna. Seu
antecessor, Francis Bacon, por sua vez, havia dado ao homem o dever de superar
tudo que não viesse de sua experimentação; segundo ele, o homem deveria,
através de suas grandes invenções, submeter a natureza e o cosmos.
Ganhando a autonomia e confiança para ser dono de seu
próprio destino, através de pensadores como Descartes e Bacon - que são
precursores do iluminismo - e outros filósofos, físicos (como Isaac Newton) e
cientistas, o homem sentiu-se livre e acima de qualquer noção de viver em um
organismo vivo, com interações e reações próprias, passando a tratar o mundo
como um sistema mecânico que ele conhece e deve dominar. Se conceber quase como
um Deus (literalmente como um Deus no caso, por exemplo, de George Washington,
que ao fundar a capital dos Estados Unidos, manda ser pintado sofrendo uma
apoteose), e fazer isso através da força, encerra uma grave preponderância do
principio masculino, o da agressividade, como é citado no filme “Ponto de
Mutação”.
Tudo isso, fez com que o homem destruísse a natureza,
poluindo seus rios, destruindo suas florestas, e ainda pior, destruindo o
próprio modo de vida dos seres humanos – que passou a ser cheio de vícios,
desde os pequenos como uma alimentação errada á corrupções governamentais e o
extremo poder de empresas privadas sobre o bem estar público, já que as
corporações passaram a dominar o sistema. Toda essa problemática só pode ser
resolvida através de uma profunda mudança profunda na forma de ver o mundo.
Deve-se perceber o quanto vivemos num sistema que respira, sofre e precisa de
ajuda; todas as facetas da sociedade e do meio ambiente não devem ser
analisadas separadamente pois são partes de um todo que precisa ser melhorado
gradativamente e desde seu profundo interior. Mudar e melhorar o mundo de forma
integrada é chamado, conforme mostra o filme de “Teoria dos Sistemas Vivos”.
No filme, vemos claramente as diversas facetas da sociedade
representada nos três personagens principais – A cientista, o político e o
poeta. Enquanto o discurso partir da ciência e da filosofia e não ser
completamente compreendido pela nação e seus governantes, o pensamento
Baconiano/Cartesiano continuará a governar; ao mesmo tempo, enquanto as artes e
literatura não verem a integração que há entre a ciência e seus textos de
subjetividade, apenas divagar não fará grandes trabalhos. É preciso, portanto,
uma maior integração entre todos esses setores. O mundo precisa de mudanças que
englobem valores, instituições, ideias e embora isso seja muito difícil de
concretizar, um bom ponto de partida é e sempre será a educação, pois só a
educação é capaz de mudar todo o ser humano e esta deve ser reformulada para
atender á esse nova perspectiva de mundo.
Stephanie Bortolaso
1° Ano de Direito Noturno
Análise do filme Ponto de Mutação
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