O filme "Ponto de Mutação",de Bernt Capra,lançado em 1990,aborda uma tarde de embates filosóficos envolvendo três personagens,Jack Edwards,um candidato derrotado a presidência dos Estados Unidos,Sonia Hoffman,cientista cujo trabalho foi usado para fins militares,e Thomas Harriman,ex escritor de discursos políticos e poeta.A maior parte do enredo se concentra na discussão entre Jack,que demonstra um raciocínio mais próxima a visão mecanicista cartesiana,e Sonia,que demonstra uma percepção sistemática do mundo.
Segundo Sonia,a percepção cartesiana do mundo,de que todas as coisas funcionariam como uma máquina,ou um relógio,onde problemas poderiam ser isolados e resolvidos como se trocam peças,é uma visão simplista,que aplicados na política,por exemplo,resolveriam alguns sintomas,porém o verdadeiro problema continuaria a existir.Sonia discorre utilizando a ecologia e a física quântica para demonstrar como tudo é um imensurável sistema formados por inúmeras relações,que se estendem desde o meio visível ao subatômico.
Jack,apesar de ao decorrer do filme demonstrar uma tendência a concordar com Sonia,faz perguntas pertinentes à cientista questionando se o sua percepção do mundo possuía alguma finalidade prática.Em um trecho do filme,demonstra com um simples exemplo,como dificultar o consumo de carne vermelha afim de diminuir problemas cardíacos,é extremamente problemática nos meios democráticos,pois a maior parte das pessoas são guiadas por interesses pessoais e não possuem sequer uma visão próxima a cartesiana,e ainda mais distante de uma visão sistemática como a de Sonia.A dificuldade em se fazer alterações significante aos valores humanos utilizando uma visão tão complexa e aprofundada como a de Sonia pode ser vista na relação da cientista com sua filha no filme,que apesar de um vasto conhecimento se demonstra incapaz de ter um bom relacionamento com sua filha,algo que em tese é muito mais simples de se conseguir do que uma profunda mudança mundial para uma forma de vida mais sustentável,defendida pela cientista.
Nos últimos minutos do filme,Thomas,que na maior parte contemplou mais do que opinou,utiliza o poema "Enigmas",de Pablo Neruda,para demonstrar sua opinião,de que tanto a visão cartesiana quanto a visão sistemática,para ele são simplistas demais para abordar a complexidade de um só indivíduo,e que a realidade continua a existir independente das abstrações humanas,e que por mais que tivesse contato com teorias elaboradas para descrever a realidade,ele se sente,no final,como um "peixe em preso no vento",impotente perante a complexidade universal.
Eduardo José Clementino - 1º ano Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário