“O Ponto de Mutação” é um filme de 1990, dirigido pelo cineasta Bernt
Capra, e inspirado na obra homônima de seu irmão, o físico Fritjof Capra. O
filme, tecnicamente, é muito simples: a fotografia e a trilha sonora têm uma
qualidade boa, embora não se destaquem por serem as melhores que já se viu. A
mudança de cenas é rara. Apesar disso, o filme possui um ótimo desenvolvimento,
com um roteiro filosófico e muito bem escrito, que pode ser considerado um
pouco denso demais para espectadores leigos.
O ponto principal da filosofia do filme talvez seja a crítica à maneira
mecanicista de ver o mundo, provocada pela personagem Sonia Hoffmann, uma
física desiludida por ter visto seus projetos sendo usados para fins militares,
quando deveriam ajudar a medicina. Sonia critica exaustivamente esse jeito
mecanicista e cartesiano de enxergar o mundo, que, apesar de já ter sido útil
um dia, hoje já não nos serve mais. Ela acredita na “teoria de sistemas” –
absolutamente todos os problemas atuais estão interligados, e é impossível
resolver um de forma decisiva sem lidar com todos.
O
cineasta deixa claro que ele mesmo é adepto dessa teoria, ao dar mais espaço à
física no filme do que aos outros dois
personagens principais – Jack Edwards, um político norte-americano, e Thomas
Harriman, um poeta. A mensagem final do filme é que todos os problemas que
enfrentamos atualmente no século XX, como a fome, o aquecimento global, a
obesidade, a ameaça nuclear, guerras constantes e as desigualdades sociais e
econômicas, são, na verdade, resultado de apenas uma crise: a crise de
percepção, causada pela visão mecanicista de mundo, que em parte justifica a
avareza e o egocentrismo. A mudança e resolução de todos esses problemas só
virá quando mudarmos radicalmente nossos métodos e valores, e deixarmos de lado
nossa cultura individualista e exploradora.
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