No filme “Ponto de Mutação” de Fritjof ,
há a interlocução entre três personagens de pensamentos e contextos diversos:
uma cientista, um político e um poeta. O autor trava um debate existencial no
qual o assunto principal sempre recai ao indivíduo, seja como objeto ou
instrumento de estudo. Pode-se entender que existe entre eles a busca pela
resposta que aflinge a humanidade desde os primórdios dos Socráticos,
equilibrando a discussão com o pragmatismo do homem moderno - representado pelo
político, a metodologia dos intelectuais – representado pela cientista, e o
idealismo dos filósofos – representado pelo poeta. Já no fim do filme
concluiu-se que considerando unilateralmente cada opinião a resposta é vazia. A
fim de que se cumpra a ideia de método, meio e ação há a conscientização de que
“enquanto uns procuram ser ouvidos no silêncio, outros tentam gritar em meio à
multidão”; que os métodos sem a utopia são vazios e que a grande falta hoje no
mundo é a da perspectiva.
Há
uma ênfase na metodologia da cientista, que expõe como meio de encontrar sua
existência todos os aspectos científicos dos quais tem conhecimento, colocando
em questão o modo como tudo e todos se relacionam – a partir da coexistência
evolutiva entre os seres humanos e a natureza, além dos espaços presentes entre
o núcleo e os elétrons dos átomos, que evidenciam serem a matérias apenas
possibilidades de movimentos destes - entre si e, também, com a natureza.
Nessas colocações, ela abrange como sistema o conjunto dessas possibilidades de
matéria, aceitando a ciência e a física, desconsiderando o método cartesiano de
Descartes e Bacon, que são sistemáticos ao mecanizar os meios e a natureza,
exemplificada pela visão do mundo como um relógio, no qual cada um exerce sua
função e limita-se a isso.
Mas,
depois de tanta intangência, como encontrar o real? Como admitir a vida sem o
sentido da realidade? Como admitir o outro como imaterial e digno apenas de uma
possibilidade de matéria? É o que foi exposto. E nesse âmbito que surge o
poeta, mostrando que não há somente uma relação pura de sistemas esvaídos pelos
seus vazios subatômicos; essa possibilidade de matéria tem a força de criar
relações fruídas de sentimentos, necessidades, pensamentos. De serem entendidas
como indivíduo de um todo, porque “ninguém é uma ilha” e sente a necessidade de
amar e ser amado, de influenciar o mundo com suas concepções ou ações, seja
isolado na França ou se candidatando à presidente dos EUA .
O
diálogo aberto no qual ele propõe traz a reflexão e não responde aos
questionamentos. Cabe a nós responde-los? Creio que não. Apenas buscar
compreendê-los , que, segundo Hanna Arendt em “Origens do Totalitarismo” denota que
“Compreender significa, em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente,
e resistir a ela – qualquer que seja, venha a ser ou possa ter sido”, mesmo que
essa realidade signifique o grau mais irreal de abstração da matéria, porque
mesmo que seja, venha a ser ou possa ter sido, carrega todos os mais
expressivos instantes do ser humano.
Karla Gabriella dos Santos Santana - 1º ano Direito Diurno
Introdução à Sociologia
Karla Gabriella dos Santos Santana - 1º ano Direito Diurno
Introdução à Sociologia
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