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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Um poeta, uma cientista e um político e as percepções do real

No filme “Ponto de Mutação” de Fritjof , há a interlocução entre três personagens de pensamentos e contextos diversos: uma cientista, um político e um poeta. O autor trava um debate existencial no qual o assunto principal sempre recai ao indivíduo, seja como objeto ou instrumento de estudo. Pode-se entender que existe entre eles a busca pela resposta que aflinge a humanidade desde os primórdios dos Socráticos, equilibrando a discussão com o pragmatismo do homem moderno - representado pelo político, a metodologia dos intelectuais – representado pela cientista, e o idealismo dos filósofos – representado pelo poeta. Já no fim do filme concluiu-se que considerando unilateralmente cada opinião a resposta é vazia. A fim de que se cumpra a ideia de método, meio e ação há a conscientização de que “enquanto uns procuram ser ouvidos no silêncio, outros tentam gritar em meio à multidão”; que os métodos sem a utopia são vazios e que a grande falta hoje no mundo é a da perspectiva.
                Há uma ênfase na metodologia da cientista, que expõe como meio de encontrar sua existência todos os aspectos científicos dos quais tem conhecimento, colocando em questão o modo como tudo e todos se relacionam – a partir da coexistência evolutiva entre os seres humanos e a natureza, além dos espaços presentes entre o núcleo e os elétrons dos átomos, que evidenciam serem a matérias apenas possibilidades de movimentos destes - entre si e, também, com a natureza. Nessas colocações, ela abrange como sistema o conjunto dessas possibilidades de matéria, aceitando a ciência e a física, desconsiderando o método cartesiano de Descartes e Bacon, que são sistemáticos ao mecanizar os meios e a natureza, exemplificada pela visão do mundo como um relógio, no qual cada um exerce sua função e limita-se a isso.
                Mas, depois de tanta intangência, como encontrar o real? Como admitir a vida sem o sentido da realidade? Como admitir o outro como imaterial e digno apenas de uma possibilidade de matéria? É o que foi exposto. E nesse âmbito que surge o poeta, mostrando que não há somente uma relação pura de sistemas esvaídos pelos seus vazios subatômicos; essa possibilidade de matéria tem a força de criar relações fruídas de sentimentos, necessidades, pensamentos. De serem entendidas como indivíduo de um todo, porque “ninguém é uma ilha” e sente a necessidade de amar e ser amado, de influenciar o mundo com suas concepções ou ações, seja isolado na França ou se candidatando à presidente dos EUA .
                O diálogo aberto no qual ele propõe traz a reflexão e não responde aos questionamentos. Cabe a nós responde-los? Creio que não. Apenas buscar compreendê-los , que, segundo Hanna Arendt em  “Origens do Totalitarismo” denota que “Compreender significa, em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente, e resistir a ela – qualquer que seja, venha a ser ou possa ter sido”, mesmo que essa realidade signifique o grau mais irreal de abstração da matéria, porque mesmo que seja, venha a ser ou possa ter sido, carrega todos os mais expressivos instantes do ser humano.

Karla Gabriella dos Santos Santana - 1º ano Direito Diurno
Introdução à Sociologia

                

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