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segunda-feira, 22 de abril de 2019

Até que ponto ordem e progresso?


   O Positivismo, elaborado por Augusto Comte, se deu em um contexto de efervescência cultural, e em um tempo de mudanças de comportamentos. Ele avalia a sociedade como um ente vivo e mutável, e propõe a ideia de uma ‘’física social’’ para estudar os fenômenos sociais. Sendo assim, a perspectiva de ordem e progresso, estática e dinâmica são cruciais para a manutenção da organicidade.
   Podemos estabelecer um paralelo desses conceitos com os pensamentos expostos por Olavo de Carvalho no capítulo ‘’Mentiras Gays’’ de seu livro ‘’O Imbecil Coletivo’’. Ao associar termos como ‘’anormal’’, ‘’anomalia’’ e ‘’deficiência’’ ao homossexualismo, Olavo deixa evidente sua visão repleta de preconceitos, além de bastante repressiva, alegando ser ela nada mais que fruto da liberdade de consciência e de expressão  –de sua repugnância-.
   Esse conservadorismo, que considera o homossexualismo uma ‘’distorção’’ da ordem positivista que rege a sociedade, que muitas vezes prefere fechar os olhos para o amplo campo da sexualidade, a qual vai muito além da mulher e homem e a mera função de reprodução da espécie. Essa heteronormatividade quase compulsória adoece a sociedade e menospreza a pluralidade e a complexidade dos indivíduos. Ao contrário da opinião de Olavo -que tenta até usar História para sustentá-la-  é fato notório que os homossexuais são sim marginalizados e perseguidos cotidianamente e desde muito tempo, e por isso exigir direitos que garantam sua devida segurança e bem estar é uma luta necessária e incontestável.
   O positivismo, como uma analogia newtoniana, busca a vinculação entre os fenômenos, e  não a essência das coisas. O negar a si em favor do coletivo, dando a devida importância a cada papel social (interdependência) teoricamente garantiria a felicidade geral e a ordem e o progresso efetivo. No entanto, podemos infelizmente analisar uma grande lacuna moral e ética que ainda existe na sociedade contemporânea , a qual parece oscilar entre  estágios de evolução libertadora e primitivismo opressivo.

Raquel Colózio Zanardi - primeiro ano Direito matutino

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