A Escola
Positivista, fundada, entre outros, por Auguste Comte, era firmemente baseada
no Darwinismo Social e no Determinismo. Ambas teorias sociais são pilares para
fundamentar a primeira escola sociológica, ou seja, a que consagrou Comte como
o pai dessa ciência. A junção dessas teorias era regida pelo princípio de ordem
e progresso e criava uma escala de desenvolvimento de acordo com certos
parâmetros civilizatórios definindo, portanto, quais seriam aqueles mais
evoluídos e os mais selvagens entre os homens (surge, nesse momento, a ideia do
“fardo do homem branco”, utilizado por várias nações para justificar o
imperialismo).
Sendo assim, quando,
hodiernamente, Olavo de Carvalho, pensador sem formação acadêmica mínima,
baseia-se nessa teoria pseudorracionalista de evolução social, mesmo vivendo
três séculos a frente do nascimento de Auguste e, consequentemente, com um
acesso a estudos científicos que desconsideram tais teorias, ele tem como
função única justificar seu preconceito e intolerância, muito explícitos em seu
artigo “Mentiras Gays”, no qual o guru do atual Presidente, ataca
ostensivamente a já discriminada comunidade LGBT alegando falsamente, logo em
sua introdução, que a comunidade se julga superior e perseguida, uma vez que o
Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo inteiro, superando,
inclusive, países onde fugir da heteronormatividade é crime.
Ademais, além de
julgar essa minoria ele ignora, conscientemente ou não, um dos princípios básicos
da teoria positivista: o organicismo. Nesse ponto central de sua teoria, junto
com outros fundadores do positivismo, o autor defende a ideia de que a
sociedade funciona como um organismo só, e que, portanto, cada segmento seu tem
grande importância para seu pleno funcionamento. Sendo assim, quando Olavo
dedica-se a escrever um artigo com cunho estritamente preconceituoso, ele acaba
por contribuir com uma maior segregação de uma parcela enorme da população
brasileira, o que pode acarretar em consequências para a sociedade como um
todo.
Por conseguinte, é
possível notar que Olavo, mesmo aproveitando acertadamente de parte da teoria
ultrapassada de Comte, no sentido de superioridade de homens sobre homens, erra
em um dos seus princípios mais óbvios e ofende, até mesmo, os pesquisadores
acadêmicos e prestigiados do inovador pensador Auguste Comte que, ao seu modo,
revolucionou o modo como o homem reflete sobre sua existência.
Mateus Andrade Ferraz – Direito Matutino
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