Alemanha e Itália,
esses são os primeiros exemplos que surgem à mente daqueles que pensam em
fascismo: regime autoritário/ditatorial, culto ao líder, inimigo comum e muito
discurso de ódio às minorias. Todavia, ao avaliar esses cenários, muitos se
esquecem de avaliar como tais processos foram decorrendo e como deu-se a
transição entre as democracias/repúblicas, antes vigentes, com os potenciais novos
regimes.
Sendo assim, ao ser ignorante, no sentido
original da palavra, a sociedade está despreparada para defender-se em casos
extremos, pois desconhece os perigos de uma lenta derrocada da democracia.
Hitler, por exemplo, não tomou o poder absolutamente, foi um longo processo:
primeiro utilizou de seu lado patriótico de ex-militar, foi um árduo crítico da
República de Weimar, a qual reconheceu a derrota alemã na Primeira Guerra e
“aceitou” multas e sanções, colocando a economia germânica em colapso, e, por
fim, prometendo resolver o problema com soluções infalíveis. Desse modo, com o
caos instaurado no país, Hitler e o partido Nazista ascenderam ao poder
democraticamente para, apenas depois, assumir um regime totalitário.
Desse modo,
desesperado por soluções imediatas e sem visar o futuro mais distante, maior
crítica da ex-cientista, do filme “O Ponto de Mutação”, a respeito do homem,
como espécie, a sociedade continua a ter uma visão limitada e mecanista da
realidade sem, todavia, compreender os malefícios a longo prazo que o
imediatismo pode trazer. Hodiernamente, o cenário de quase caos do país
contribui para o desejo da população por mudanças urgentes e simples que possam
romper com o atual sistema que, aparentemente, mostrou-se inábil para mudar o
contexto de crise nacional.
Por conseguinte,
torna-se nítido como a visão mecanista e urgente, retratada no filme, é mais
comum do que se pensa e muito presente nesse contexto internacional de repulsa
à imigração, da crítica do estado de bem-estar social, da igualdade e,
principalmente, do incentivo populacional por uma maior militarização e
violência estatal que, sem dúvidas, flerta com a inconstitucionalidade da
maioria dos países democráticos e com a nova ascensão de regimes autoritários.
Mateus Andrade Ferraz – Direito matutino
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