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segunda-feira, 22 de abril de 2019

Mecanismo violento


  Alemanha e Itália, esses são os primeiros exemplos que surgem à mente daqueles que pensam em fascismo: regime autoritário/ditatorial, culto ao líder, inimigo comum e muito discurso de ódio às minorias. Todavia, ao avaliar esses cenários, muitos se esquecem de avaliar como tais processos foram decorrendo e como deu-se a transição entre as democracias/repúblicas, antes vigentes, com os potenciais novos regimes.
  Sendo assim, ao ser ignorante, no sentido original da palavra, a sociedade está despreparada para defender-se em casos extremos, pois desconhece os perigos de uma lenta derrocada da democracia. Hitler, por exemplo, não tomou o poder absolutamente, foi um longo processo: primeiro utilizou de seu lado patriótico de ex-militar, foi um árduo crítico da República de Weimar, a qual reconheceu a derrota alemã na Primeira Guerra e “aceitou” multas e sanções, colocando a economia germânica em colapso, e, por fim, prometendo resolver o problema com soluções infalíveis. Desse modo, com o caos instaurado no país, Hitler e o partido Nazista ascenderam ao poder democraticamente para, apenas depois, assumir um regime totalitário.
  Desse modo, desesperado por soluções imediatas e sem visar o futuro mais distante, maior crítica da ex-cientista, do filme “O Ponto de Mutação”, a respeito do homem, como espécie, a sociedade continua a ter uma visão limitada e mecanista da realidade sem, todavia, compreender os malefícios a longo prazo que o imediatismo pode trazer. Hodiernamente, o cenário de quase caos do país contribui para o desejo da população por mudanças urgentes e simples que possam romper com o atual sistema que, aparentemente, mostrou-se inábil para mudar o contexto de crise nacional.
  Por conseguinte, torna-se nítido como a visão mecanista e urgente, retratada no filme, é mais comum do que se pensa e muito presente nesse contexto internacional de repulsa à imigração, da crítica do estado de bem-estar social, da igualdade e, principalmente, do incentivo populacional por uma maior militarização e violência estatal que, sem dúvidas, flerta com a inconstitucionalidade da maioria dos países democráticos e com a nova ascensão de regimes autoritários.
 
Mateus Andrade Ferraz – Direito matutino

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