No município
de São José dos Campos havia uma área abandonada na Zona Sul da cidade, pertence
à massa falida do especulador libanês Naji Nahas e de sua empresa, Selecta, que
não cumpria sua função social, diante disso em 2004 centenas de trabalhadores
sem-teto ocuparam essa área, desenvolvendo ali relações comunitárias.
Em 8 anos de ocupação
a comunidade dos pinheirinhos cresceu significativamente, 1500 famílias já
haviam constituído uma vida naquela região, cerca de 6 mil pessoas, tomando
proporções que pode ser comparada a uma pequena cidade, com infraestrutura
básica, etc.
O governo de
São Paulo exigiu em janeiro a reintegração de posse, e o caso virou uma grande
confusão, pois o governo federal estava disposto a comprar e regularizar o terreno,
porem o governo estadual se recusava a cumprir o acordo. A ordem de
reintegração foi suspensa quando os governos entraram em acordo para que uma
negociação de 15 dias fosse feita e a prefeitura local pudesse decidir sobre o
que seria feito.
Porém, no
domingo seguinte, o acordo foi descumprido, e cerca de 2 mil policiais armados
da cabeça aos pés invadiram o pinheiro, onde houve uma violenta desocupação da
comunidade, com demonstração de violência e brutalidade, tornou-se um campo de
guerra, onde os moradores não haviam defesa nenhuma.
A
justificativa da juíza que concedeu a ordem judicial que autorizava a
reintegração de posse, foi da proteção da propriedade privada do conhecido
especulador, frente a frente ficou a defesa da propriedade privada contra o
direito à moradia previsto na Constituição Federal para uma população carente e
que designava uma função social para o local. Quando esse tipo de justificativa
é dada, uma propriedade privada com prioridade superior a dignidade humana, chegou
a hora de perceber que há algo de muito errado na sociedade e uma tremenda
inversão de valores. O Direito, que segundo Hegel é uma ferramenta para
encontrar a felicidade, nesse caso onde pesou a decisão influenciada da juíza,
acabou tornando-se uma ferramenta de dominação.
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