A política de cotas é um
instrumento que busca reparar problemas de desigualdades ou de diferenças de
oportunidade dentro de uma sociedade. No Brasil, a política de cotas apareceu
pela primeira vez em 1968 na forma da lei n°5465/68(“lei do boi”), essa lei
buscava dar acesso a filhos de agricultores residentes nas zonas rurais ao ensino
médio e também ao ensino superior, essa lei é um exemplo de tentativa de
reparação do pouco acesso que os jovens oriundos da zona rural (sobretudo das
famílias de baixa renda) obtinham nas décadas de 60/70. Porém essa lei já
mostrava que a política de cotas demanda um estudo sociológico e que cotas podem
agravar ainda mais uma certa desigualdade. Essa lei, apesar de pregar o acesso
a todos os jovens de zona rural, acabou por contemplar apenas a elite rural por
um motivo muito simples, a agricultura praticada pelas famílias mais pobres
demanda a mão de obra da
totalidade da família e em um tempo praticamente integral, o que dificulta
ainda mais o acesso dos jovens de baixa renda ao ensino médio e superior, essa
lei do boi mostra como as cotas podem ser movediças.
Atualmente as políticas de
cotas mais polêmicas são as ligadas a vestibulares e concursos, essas subsidiadas
pela lei n°12.711 e n°12.990 e fundamentadas no princípio da igualdade, dão aos
ingressantes oriundos de escola pública, os de baixa renda e também aos negros,
pardos e indígenas 50% das vagas em instituições federais. Essa leis servem
essencialmente como reparação histórica principalmente para os negros e indígenas
que sofreram durante séculos, e ainda hoje sofrem sequelas históricas, e tem
mostrado a cada ano resultados surpreendentes, como a inserção de raças excluídas
que força o convívio entre as mais variadas raças ,e caminha assim também
contra o mal do racismo, numa política semelhante a de outros países onde o
racismo foi secular, além de resultados como as baixas taxas de evasão dos
cotistas no ensino superior ,os resultados acadêmicos semelhantes aos outros
ingressantes que são normalmente filhos da elite brasileira ensinada nas
melhores escolas do Brasil. Essa política de cotas com uma análise sociológica pertinente
e que buscam, realmente, políticas de reparação social, são extremamente
positivas ao Brasil e devem ser incentivadas. Porém, é necessário enfatizar que
cotas deveriam ser medidas de curto prazo e não uma solução final, as cotas
devem ser um dos elementos de um plano de estruturação do ensino público
brasileiro, e aí sim teremos uma igualdade de oportunidades para todos, contudo
parece que o ensino público de base anda na contramão dos resultados positivos das
ações afirmativas.
Com isso vê-se que as
políticas de cotas devem existir e são positivas para uma reparação de
desigualdades e injustiças que ocorreram na história brasileira, porém também devem
existir análises político-sociológicas que determinem a pertinência ou não das
cotas, além de que devemos juntos independente de raça, renda ou origem lutar por
um ensino(e serviços) público de qualidade que perpetue a extinção e torne desnecessária
as ações afirmativas igualando as oportunidades, não por leis mas através da
educação, e também pelo fim do racismo e das desigualdades, para que como diz
Gabriel Pensador, entendamos que “Porque no Brasil somos
todos mestiços, se você discorda, então olhe para trás, olhe a nossa história, os
nossos ancestrais, o Brasil colonial não era igual a Portugal, a raíz do meu
país era multirracial, tinha índio, branco, amarelo, preto, nascemos da
mistura, então por que o preconceito?. E sigamos, juntos, em busca do sonho da “pátria educadora”, não como
slogan e sim como bandeira.
Luan Maturano Dutra- 1°ano Direito
Noturno
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