Segundo
Boaventura de Souza Santos, o direito pode ser utilizado tanto como um
instrumento hegemônico para a manutenção do status quo, tanto como um
instrumento de mudança da realidade social, isto dependerá da ação e
mobilização dos grupos sociais atuantes na sociedade. Dessa forma, diversos
segmentos têm atuado no Brasil com o intuito de diminuir a desigualdade social,
consequência ainda do período de escravidão que ocorreu no Brasil. Assim, são utilizadas
diversas ferramentas na tentativa de reparar este triste período da nossa
história, uma delas consiste na implantação de cotas raciais nas Universidades
Públicas. O sistema de cotas tem como objetivo reduzir as diferenças de
oportunidade e dessa forma possibilitar que todos os segmentos da sociedade
estejam representados em todas as esferas de poder.
Nesse
sentido, há um dilema entre a igualdade formal e a igualdade material. Alguns afirmam
que o sistema de cotas é inconstitucional, pois fere com o princípio de que
todos são iguais perante a lei, no entanto, o Estado também deve oferecer os
meios para possibilitar a igualdade material. O que nós vemos nas Universidades
consiste em um “apartheid social”, a maioria dos estudantes são brancos e com
boas condições financeiras, geralmente oriundos das melhores escolas privadas
ou dos cursos pré-vestibulares mais caros da região, enquanto aqueles sem
condições financeiras estão fadados a estarem eternamente na periferia sem
contribuir com a produção de conhecimento. As cotas são uma medida provisória
com o fim de reparar um histórico de desigualdade e consiste em uma forma
eficaz e rápida de viabilizar a isonomia material para aqueles negros que estão
acabando de terminar o ensino médio.
Vale
ressaltar que as cotas são medidas temporárias que são implantadas para que
neste período haja reformas na sociedade. Assim, são de extrema importância a
melhoria do ensino público e mudanças no sistema de seleção. Os vestibulares
atualmente é um sistema que está sendo dominado pelo capital, o mesmo não
seleciona os mais capacitados a cursarem determinado curso e sim, aqueles que
tiveram condições econômicas de estudar em escolas privadas. Dessa forma,
podemos dizer que há um fascismo social já que o mesmo caracteriza-se quando os
valores econômicos passam a ser a medida de todas as relações sociais. Assim,
este sistema de seleção é uma forma hegemônica de se perpetuar as diferenças
sociais por isso deve passar por diversas transformações.
Sendo
assim, Boaventura de Souza Santos afirma que a legalidade cosmopolita é uma
perspectiva de legalidade que reconhece outras realidades sociais. A
implantação de cotas raciais expõe como a nossa sociedade tem tidos melhorias
positivas. Este sistema possibilita que pessoas de baixa renda tenham a
esperança de estudar em uma universidade e ter melhores condições de vida. Além
do mais, as cotas nos dão a possibilidade de imaginar que no futuro o Brasil
será um país com menores desigualdades sociais.
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