O Plenário do Supremo Tribunal Federal considerou
constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da
Universidade de Brasília. Por unanimidade, os ministros julgaram improcedente a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 186, ajuizada na Corte pelo
Partido Democratas.
O requerente da arguição, Partido Democratas, argumentava
que a política de cotas raciais fere o Princípio de Dignidade da Pessoa Humana,
incita o racismo e desvirtua a igualdade, uma vez que a cor da pele não define
a origem das pessoas de uma perspectiva biológica genotípica. O posicionamento
contrário do DEM ainda apoia-se na pesquisa a qual explana que 73% das pessoas
de baixa renda são negros. Assim, por meio de programas direcionados ao plano
econômico, os negros serão contemplados sem a necessidade de uma política
racial.
Os interessados, a Universidade de Brasília, representada
pela Procuradora Federal Indira Hernesto, explicitam a questão de o Brasil não
ser um país sem preconceitos e de igualdade social. Nas palavras da
procuradora, utópico e inocente é cegar-se na ideologia de igualdade étnica no
Brasil, sendo que os negros recebem salários menores, são subrepresentados nas
universidades e são marginalizados pelas mazelas sociais decorrentes da
escravidão.
Definitivamente, as desigualdades, tanto raciais como sociais,
são uma das realidades estridentes do Brasil. No entanto, restringindo as desigualdades no
âmbito da educação, percebe-se que a questão abrange fatores sociais,
econômicos e culturais. O artigo 205 da Constituição Federal disserta: “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. Juridicamente, o Brasil apresenta um sistema de ensino democrático,
entretanto, a realidade revela que a educação superior é de cunho elitizado,
por diversos fatores de natureza econômica e problemáticas na educação pública
básica.
Por essas perspectiva de desequiparação social que
Boaventura de Souza Santos confronta a visão do mundo do capital: a
inevitabilidade da exclusão. São necessários movimentos sociais com projetos
plurais que se comuniquem entre si, isto é, não, necessariamente tenham um
ponto de partida comum, mas um mesmo ponto de chegada.
Essa proposta contra hegemônica de Boaventura deve ser o
foco das ações afirmativas na educação. Existe uma pluralidade de realidades no
Brasil, as quais impossibilitam resoluções imediatas e ao mesmo tempo, por isso
as ações devem partir do geral para o específico, moldando-se a cada realidade.
Giovani Rosa - 1º D. Noturno
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